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           A obra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman não impressiona apenas pelo nome e pela capa. De uma leitura não muito fácil, porém de extrema profundidade, o autor demonstra com clareza e muita lucidez a dura realidade que permeia os nossos relacionamentos. Chega a ser um soco no estômago, tamanha e perceptível afinidade em seus parágrafos com aquilo que vivenciamos hoje.

            A começar pelo nome escolhido para o livro: o que seria um amor líquido? Algo em estado líquido é algo que não se sustenta, não tem forma e rigidez, não dura. Ou no caso de um sentimento, nem mesmo existe. Na capa, uma mulher toca uma parede de vidro, conectando suas mãos às de outra pessoa, o que sugere a necessidade de se relacionar, ao mesmo tempo em que existe uma extrema dificuldade nesta ação.

            Zygmunt Bauman faz diversas comparações sobre o comportamento nas relações humanas com o  consumismo capitalista. Os bens de consumo já não são mais fabricados para que durem. Existe uma necessidade de acelerada rotatividade desses bens. É importante que todo e qualquer produto seja, em um curto espaço de tempo, reinventado pelo seu fabricante. Novos modelos, novas utilidades e novos designs. Muitas vezes não importa o preço. Se adquire não apenas um bem, mas um status para aqueles que tem o poder de comprar novos sonhos de consumo.

            Bauman aponta que não mantivemos o hábito de reformar ou consertar algo que se estragou. Jogamos fora e substituímos por um elemento novo. O que importa não é um produto que simplesmente funcione, mas o poder de escolher, comprar e possuir o que é atual, que acabou de ser lançado no mercado.

            Numa era marcada pela velocidade da informação e dos acontecimentos, fomos tomados pela necessidade e ilusão de acompanharmos esse ritmo alucinante. Trocamos nossos bens, assumindo uma postura de poder e medidor de sucesso diante da sociedade. Não apenas o ter, mas a constante atualização do que se tem. O carro do ano, o último modelo de celular, a nova TV, os novos aplicativos e tudo o mais que for produzido para saciar a fome de uma sociedade mergulhada no caos consumista, somada à cega ilusão de satisfação e felicidade.

            Não bastasse a inversão de valores que já criamos, substituindo sentimentos e realizações por aquisições, estamos levando esses conceitos de forma pouco consciente para nossos relacionamentos. Foge-se do “até que a morte os separem” como o “diabo foge da cruz”. Numa sociedade moderna onde nada dura e tudo é inconstante, como assinar um contrato válido até a morte? Não parece haver nenhum sentido num mundo onde nada dura para sempre.

            Levamos essa loucura do hábito de troca e iludidos conceitos de satisfação e felicidade para nossa vida amorosa. Com a facilidade e rapidez das redes sociais e aplicativos, passamos ainda mais a escolher uma pessoa pela “capa”. Rapidamente a conhecemos e quando detectamos qualquer defeito (do nosso ponto de vista), logo partimos em busca de um próximo “produto” (leia-se ser humano). Vive-se a emoção do conhecer alguém que “desta vez” talvez seja uma perfeição em seu molde. E quando “se descobre” uma falha, parte-se para uma nova busca.

            Não há qualquer possibilidade de se lembrar e reconhecer os próprios defeitos, quando já se  começa por esta procura de forma tão insana e indigna para qualquer ser humano. Esquece-se que somos exatamente iguais na posse de imperfeições. Tão naturalmente conectados pelo Facebook, Whatsapp, Instagram, Tinder e tantos mais, fomos tomados por suas funções, alta peformance e rotatividade que os mesmos causam nas nossas relações.

            Nos tornamos um catálogo de seres humanos, escolhidos por dedos alheios e descartados logo em seguida, sob qualquer vestígio de falha ou defeito de fabricação.

            A pergunta que fica é: “Como as relações irão se sustentar num mundo cada vez mais rápido e insano em sua inversão de valores”?

            Zygmunt Bauman nos informa muito mais em sua obra do que este mísero texto, apropriadamente curto, para que possa ser lido e apreciado com rapidez.

            A afinidade pode vir a ser tamanha com as informações da obra, que talvez por ora nos desliquidifiquemos, encerrando nossas contas em aplicativos de relacionamentos.

Talvez assim, à moda antiga e ao acaso,  possamos encontrar um amor que não seja líquido e nem gasoso, mas finalmente sólido.

 

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