Hoje de manhã vi algo bastante inusitado. Num dos jardins de inverno da empresa onde trabalho, havia um passarinho no chão que parecia estar morrendo. Em cima dele vinha outra ave da mesma espécie, que tentava ajudá-lo. Ele voava, andava para um lado e para o outro e depois voltava em cima do pequeno pássaro. Além deste passarinho principal, havia outros dois que ficavam à volta deles, indo e voltando.
Minha vontade foi de ajudar, mas me dei conta, de que não teria noção do que fazer. Fiquei observando por um tempo com pesar e decidi ir embora. Mais tarde, descobri que eu não tinha sido a única pessoa a ver a cena. E as outras duas colegas também haviam ficado sentidas com a tristeza das aves.
Horas mais tarde o passarinho estava morto no chão. E aquele que subia em cima dele anteriormente, continuava tentando reanimá-lo, mesmo muito depois. Ele ainda ia e voltava sobre ele, agora apenas com um espaço maior de tempo.
O passarinho vivo ficou até o fim do dia rodeando o que havia morrido.
Esta cena me fez refletir sobre duas coisas.
Uma delas é sobre o fato de algumas espécies animais serem monogâmicas, como alguns pássaros e pinguins. Eles costumam ter apenas um parceiro durante toda a sua vida. E se o parceiro morre, eles não procuram um substituto. Vivem muitas vezes sozinhos o tempo que lhe restam.
Existem explicações científicas para tal comportamento, como a dificuldade de se reproduzir à procura de diferentes parceiros, além da necessidade de cuidar de suas crias, como no caso dos pinguins, que se revezam para a sobrevivência de seus filhotes.
E assim, também pensei na profunda tristeza e luto que esses animais vivenciam, mesmo quando nós humanos ignoramos quase que totalmente a capacidade de sentir dessas aves ou animais.
Qual será o tempo de luto que um animal carrega? E sendo monogâmico? Ele não vai vivenciar esta perda o resto de sua vida? Qual a diferença do luto do animal com o nosso?
Segundo alguns estudos, os animais podem apresentar os mesmos sintomas que os seres humanos na perda de um companheiro que morreu. Ficam ansiosos, inquietos e deprimidos. Por vezes se afastam do grupo e morrem em seguida.
Dentre as espécies de animais monogâmicos, o considerado mais fiel é o cisne, que em sua maioria costuma ter um único companheiro durante toda a sua vida. Fato que também me lembrou de um caso que ficou muito conhecido em Muenster, na Alemanha no ano de 2007. Um cisne criado em cativeiro, quando posto em liberdade num zoológico, se apaixonou por um pedalinho. O caso ficou tão famoso e fez tanto sucesso que chegou a virar documentário (Neues vom verliebten Schwan: Novidades do cisne apaixonado).
Ciência à parte, eu acredito que amor não precisa ser provado. Os sentimentos estão ali, à flor da pele ou à flor de suas penas. Se nós seres humanos passamos a vida em busca de amor para compensar as amarguras da vida e evitar a solidão, não temos por que duvidar da necessidade animal de se buscar o mesmo.
Os animais sentem sim, por vezes muito mais do que nós. Sofrem, amam e sentem saudades. Não mentem, não possuem maldade e ainda podem ser fiéis.
Talvez devêssemos estudar o amor dos animais não para provar sua existência, mas para aprender com eles.
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Lágrima
Gota transparente
Nascida da esperança
Pequenina fonte doce
Umedecida no terno olhar
Orvalha minha existência
Evapora a tristeza
Desperta o amor
Espelha o brilho infinito
De amar…
Meus poemas mal traçados
mal escritos, mas é minha alma que clama poesia. Eu sou espelho de minha poesia refletida em minha ânsia de amar o belo.
MEG
21.04.09
10.55
S L OURENÇO