Há um tempo me deparei com esta frase na camiseta de uma das minhas sobrinhas e me apaixonei de imediato. Não por gostar da boneca Barbie ou de qualquer coisa ligada à tal, mas justamente o contrário. Senti a frase como quem diz: sou melhor do que ela. E sim, me sinto melhor do que a Barbie, mas não por ser magra, alta e usar roupas cor-de-rosa. Menos ainda por estar sempre de salto alto, cabelo impecável e ser modelo de beleza a ser seguido por gerações e gerações da nossa sociedade.
Me identifiquei com a frase como uma manifestação: sou melhor do que a Barbie, porque sou mulher de verdade. Sou melhor do que a Barbie porque sou mãe, trabalho, estudo e ainda cuido da minha casa e da conta bancária. Sou melhor do que a Barbie, porque sou feliz, mesmo não estando dentro dos padrões de beleza que ela carrega. Sou melhor do que a Barbie, porque espero ser reconhecida pelos meus talentos profissionais e não pela minha aparência física.
Certa vez ri muito ao conversar com uma amiga formada em ciências sociais, que me contou ter tido uma conversa séria com suas filhas antes de presentear as meninas com algumas bonecas Barbie. Eu achei engraçado, porque se tratavam de duas crianças. Mas depois eu entendi, que ela queria que suas filhas vissem a boneca apenas como uma boneca e não como um exemplo a ser seguido em suas vidas futuras. Achei fantástico!
Somos manipulados constantemente em nossa sociedade e desde cedo. A publicidade e a TV estão aí para tal. Eliminar as duas coisas é algo inviável. Mas dar educação e exemplo desde cedo dentro de casa nos dá poder o bastante, para ao menos tentar formar nossos filhos mais esclarecidos.
Lembro por exemplo, de quando meu filho tinha apenas dez anos de idade e estávamos em um supermercado na Alemanha. Eu mostrei à ele um produto destinado ao público infantil, que tinha uma mensagem subliminar em sua embalagem inteira. À primeira vista a forma do desenho na embalagem era a de um ursinho, mas se olhássemos melhor, era visível que a forma do ursinho era na verdade o corpo de uma mulher sem braços, pernas e cabeça, usando os seios, a barriga e o órgão genital para delinear o animalzinho inocente. Meu filho ficou em choque quando percebeu. Mais ainda quando mostrei a ele na internet todo os tipos de mensagens subliminares que existem na nossa sociedade constantemente: na TV, rádio, revista, jornal, etc.
Ninguém está livre de ser influenciado pelo comércio e pela venda de ideias que o sistema capitalista necessita para nos envolver e assim se manter. Mas um pouco de conhecimento e esclarecimento não faz mal a ninguém. Há os que se deixam seduzir cegamente pelo consumo, os que se fazem de alienados e os que vão contra todo e qualquer tipo de materialismo. Nesse jogo entre o mínimo e o máximo deve haver o bom senso, que depende de cada um de nós.
Não é só uma questão de comprar um produto ou não. Chegamos a um ponto em que adquirir um produto é ceder a própria personalidade à tal ou à marca que ele carrega. Depende de nós cedermos nossa personalidade ou termos a nossa própria.
A minha não está à venda! Não alugo e nem empresto.
E por isso eu posso dizer estampado em minha camiseta sem qualquer modéstia: Yes! Barbie wants to be me!