Diante da necessidade de criar um convite para um evento em que serei um dos destaques, pensei que deveria dar uma entrevista a algum meio de comunicação. Ao mesmo tempo em que tive esta ideia, me veio à cabeça as dezenas de perguntas chatas que seria obrigada a responder. E tão previsíveis: “Onde você nasceu?”, “Quem é sua família?”, “Onde mora?”, “O que faz?”, “Como foi viver na Alemanha?”, “Porque escreveu um livro?”, “Do que fala seu segundo livro?”, blá blá blá.
Acho tudo isso chato porque não acredito que dessas respostas vem a definição de quem eu sou. Eu sou muito mais do que o lugar onde nasci, as pessoas com quem convivi e as coisas que eu fiz ou escrevi.
Então, sem responder muitas perguntas, vou resumir quem eu sou em três partes bem simples: passado, presente e futuro.
Tenho alguns anos e percebi cedo o que é ser criticada demasiadamente, não receber elogios e nem pedido de desculpas. Com o passar do tempo entendi que deveria ignorar a falta de reconhecimento e excesso de críticas. Toda falta de amor e cumplicidade deveria ser compensada por mim mesma. Ignorar os que não me aceitam e ter a minha aceitação por mim mesma foi o que aprendi de mais caro em toda a minha vida. Isso me rendeu para uns o título de arrogante, quando do meu ponto de vista foi auto preservação e sobrevivência emocional! Aprendi que tenho que esquecer e ignorar muita coisa, embora isso às vezes seja muito difícil. Tive um filho, dois maridos e alguns namorados. Bem menos amores ou de inferior intensidade do que gostaria de ter tido. Escrevi e continuo escrevendo porque foi e ainda é a forma onde mais vivo e me liberto: desejos, sonhos, revoltas, amor, mágoas, criatividade e ideias. Vivi muito. Estudei, trabalhei, viajei. Fui feliz e sofri. E quando sofri foi quando mais entendi aonde deveria ir em seguida: em frente! Aprendo a ter paciência, hoje sei que nada acontece quando eu quero, tive que esperar na maioria das vezes. Fui criança, pouco adolescente e rapidamente adulta. Fui mais feliz do que triste, pelo menos é assim que gosto de pensar.
Atualmente sou eu exatamente o que quero ser: eu mesma! Não sou convencional, não sou o que os outros querem, sou o que sinto vontade de ser. Não gosto de regras e menos ainda de padrões e convenções criadas pela sociedade. Sou um tanto racional e ao mesmo tempo espontânea ! Sou intensa! Minha cabeça não para! Meu corpo segue minha mente conforme aguenta. Tenho fé em Deus de maneira discreta, do meu jeito, eu e Ele, sem ter que provar nada pra ninguém! Amo minha família, meu filho mais do que tudo! Amo meus amigos, amo meus trabalhos! Amo! Amo! Amo! Tenho amor que não acaba mais. Sou apaixonada por mim mesma e apaixonada por alguém que ainda nem conheço! Gosto de receber flores, sou ardente! Prefiro atitudes a presentes! Sou escritora e roteirista! Como tantas outras coisas! Amo gatos, conversas e risadas! Amo falar bobagem e rir à toa! Estar com os que amo e sorrir é o que mais gosto de fazer na vida!
Não sei o que vai acontecer amanhã e também não me preocupo muito. Já entendi que essa preocupação só leva as pessoas a se anularem diante do medo daquilo que desconhecem. Então eu ignoro. Se pudesse escolher, escolheria o que desejo:
Viver daquilo que demorei anos a encontrar, meu talento, vocação e prazer inigualável de escrever!
Encontrar o grande amor da minha vida! Viver um amor exatamente como eu sonho, amar alguém igual a mim. “Será que existe?”, eu ainda me pergunto. Se às vezes duvido até do que eu mesma sou…, mas tenho esperança que sim. E alguém como a mim não porque sou a melhor pessoa que existe, muito pelo contrário. Já que sou tão diferente, preciso de alguém divergente, que me entenda e cometa loucuras comigo! Alguém que vai por lenha na fogueira, seja qual fogo for!
Quero ser mais feliz do que triste! E quando for triste quero aprender que aquela tristeza foi para uma alegria maior que ainda há de chegar, como sempre foi, como sempre tem sido. Quero estar perto dos que amo sempre. E quando morrer não quero que ninguém chore, porque não vale a pena! Se forem fazer algo por mim, que seja agora e que seja um riso: bem dado, aberto, alto e exagerado!
É isso: do passado aprendi; do presente vivo e do futuro apenas desejo, sonho!