Uma jovem trouxe o seguinte tema para sua constelação: ela não gostava de seu pai, o culpava pelo abandono da mãe e o julgava como um pai ruim e uma pessoa má. Os representantes foram colocados: a jovem, seu pai e sua mãe. Em poucos minutos, ficou claro que a mãe nunca havia superado aquele divórcio. De maneira incoerente, fazia a cabeça da filha contra seu pai. A filha sentia-se magoada e revoltada, pois acreditava na mãe.
O rumo da constelação seguiu para a vida daquele pai, que se mostrou ser uma pessoa bem diferente do que a filha tinha em conta. Aquele pai havia sido abandonado pelos pais biológicos e nunca veio a conhecer seus pais verdadeiros. Fato que a constelação considera a maior dor que um ser humano pode sofrer na vida: o rompimento com os pais biológicos. Mesmo que de maneira oculta, o fato é sentido na alma, como a maior dor que se pode carregar.
O pai daquela jovem nunca havia conhecido o amor materno e paterno, por parte dos pais biológicos. E mesmo tendo sido adotado, também sofrera outros tipos de rejeição pela família adotiva. A história daquele homem se revelou extremamente triste. E neste momento, a moça que constelava se encontrava em prantos, devido a surpreendente revelação que se fazia diante de seus olhos.
A filha, finalmente, pôde perceber que seu pai, mesmo tendo desconhecido o amor de pai e mãe, ainda assim tinha muito amor para dar à ela, e que estava sendo impossibilitado pela sua mãe (a ex-mulher dele) de receber tamanho e verdadeiro sentimento.
Se de um lado a constelação deixava claro que seu pai a amava e era sim uma boa pessoa, por outro lado, a constelação mostrava a ignorância a ser trabalhada por sua mãe. Por ressentimentos e imaturidade, aquela mulher instigava sua filha contra o pai, a ponto da mesma odiar o genitor. A alienação parental estava criada e sendo exercida por anos.
Quem precisava de ajuda e necessitava rever suas atitudes era a mãe, não era a filha e menos ainda o pai. De alguma maneira, o tempo e a energia movimentada ali iriam se encarregar de melhorar a situação.
No fim, a consteladora questionou a jovem, se ela desejaria abraçar seu pai naquele momento. A mesma chorou e afirmou que sim. E que nunca mais julgaria o pai de maneira negativa.
Este exemplo de constelação é o que alguns terapeutas chama de “dar um tiro no pé”. A jovem tinha certeza de que seu pai estava errado e era uma pessoa ruim. Descobriu-se algo muito diferente disso, que voltou para ela mesma.
Muitas vezes pode ser difícil e doloroso enxergar a verdade. Pode vir a ser um choque nos primeiros dias. Mas nada é mais revelador e curativo, para que se resolva um problema e se encontre a verdadeira evolução de um ser humano.
Enxergar uma dificuldade como ela realmente é, é o primeiro passo para resolvê-la.
Há de se ter coragem. E a vida recompensa no fim.
Mais informações em:
Sobre Bert Hellinger e a Constelação Familiar Sistêmica
http://www.berthellinger.com.br/