Já diz o velho ditado: “Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Buscando inspiração e argumentos para escrever um texto sobre o “Direito dos animais” ou “Direito aos animais”, me deparei com várias imagens desses seres na sua miserável vida de cobaia, desde o nascimento até sua morte prematura.
Ver as imagens me doeu bem mais do que ler os textos sobre o assunto. Olhar nos olhos o sofrimento de um ser vivo, dói mais do que qualquer quantidade de informação e argumentos que se possa encontrar em jornais, revistas, sites ou enciclopédias.
Não sou advogada, não entendo de direitos. Tão pouco sou filósofa, política, veterinária ou tenho qualquer profissão que me qualifique para argumentar sobre o assunto com bom conhecimento de causa. Mas sou humana, tenho sentimentos, dores e emoções. Instinto.
Sendo assim, me questiono: como se distingue o bem e o mal? O que é certo e o que é errado? O que é realmente direito?
Se um ser humano nasce numa floresta sem qualquer chance de conhecimento, educação ou civilização, isso não significa que ele será de todo errado. Acredito que saber a diferença entre o bem e o mal é algo tão natural ao ser humano, quanto comer para se saciar a fome. Se o indivíduo na floresta machucar um animal ou uma pessoa, saberá que está agindo errado pelo simples fato de ver a dor no semblante de sua vítima, assim como nos gritos de uma mulher ou de uma criança que sofre uma violência sexual. Não é preciso ser inteligente, ter conhecimento, estudo ou educação para saber o que dói no próximo. Temos um recurso muito simples em nossa forma, que mostra isso claramente para quem quer que seja: lágrimas, medo, tristeza, dor e desespero.
Somos todos seres frágeis em nossa natureza, conhecemos o que é a dor física e emocional. E nascer e viver para ser cobaia é algo tão desumano e dolorido para o homem, quanto para o animal.
Infelizmente habitamos uma sociedade que gira em torno do individualismo, do lucro e das vantagens ao próprio homem. É nesta ambição, no seu egoísmo e capacidade de ignorar os fatos que não lhe são pertinentes, que nasce toda a injustiça, falta de amor e falta de direitos “aos” animais ou “dos” animais.
Animais foram desde os tempos primórdios e são até hoje usados de todas as formas para servir ao homem: puxando uma carroça, os alimentando, gerando lucro de inúmeras formas e até satisfazendo os mesmos em esdrúxulos prazeres sexuais, tortura ou sacrifício.
O homem tem poder quase que soberano sobre a vida animal. Enquanto se pensa em termos de sociedade e civilização organizada, há de se pensar em direitos e deveres. Mas quando todos os homens se voltarem à si mesmos, em uma reflexão interna de sua insignificância e pequenez como seres humanos, estes viverão amor, solidariedade e compaixão.
Então no fim das contas, acredito que a questão está em torno de como se transformar uma sociedade individualista e egoísta, em uma sociedade solidária. Uma sociedade que não vive em torno do individualismo e do amor a si mesmo, mas do amor ao próximo, seja ele quem for.
Uma sociedade que não analisa qual a preposição correta: “dos” ou “aos”, mas que sente amor e compaixão ao voltar os olhos ao seu próximo. Porque o que os olhos veem, o coração sente!