Bento e Francisco! O último papa, alemão (interpretado por Anthony Hopkins) e o atual, argentino (interpretado por Jonathan Pryce).
Como seriam os diálogos entre essas duas pessoas consideradas das mais importantes no planeta?
Conversas roteirizadas pelo neozelandês Anthony McCarten e produzidas pelo diretor de cinema brasileiro Fernando Meirelles.
Se à primeira vista pode se esperar um filme de caráter religioso, o mesmo surpreende por se tratar de uma visão humana por trás dos homens, que refletem a própria fé, as histórias que lhes marcaram, as culpas e o que levam em consideração em momentos de decisão.
Não foram meus olhos de outrora menina católica que assistiram ao longa, nem mesmo a atual escritora que abomina fanatismo, mas a admiradora do Papa Francisco e seus discursos sobre o amor, a tolerância, o que deveria ser a religião e a união entre todas elas, no mundo caótico e desequilibrado, onde vivemos a “Globalização da indiferença”, segundo o próprio Papa.
O filme “Dois Papas” vem nos contar a história por trás das personalidades, que na terceira idade carregam a fama e o peso de suas posições, ao mesmo tempo que vivenciam o mesmo que todos nós: a dúvida, o medo e a vontade de fazer melhor. Além daquilo que é inerente ao ser humano, como comer uma pizza com refrigerante, tocar piano, dançar tango, gostar de futebol e contar piadas.
A trajetória de uma amizade e das coisas simples nas quais eles procuram ouvir a Deus. Como um Cardeal ouve a voz do Senhor? E um Papa? De que maneira esses homens buscam a verdade? Não seriam eles pessoas tão comuns como nós mesmos? Como dois dos homens mais importantes da Igreja Católica falavam com Deus? Enchemos os olhos e os corações quando nos identificamos com suas maneiras de ouvir suas respostas.
Após séculos de tradição, Bento XVI renuncia. Entrega a igreja para o argentino, que prega a tolerância entre as religiões, aos homossexuais, o acolhimento aos refugiados e excluídos de toda ordem. A visão e humildade de que o outro seria melhor.
“Dois Papas” não é um filme que veio falar da igreja católica, mas daquilo que de mais verdadeiro pode existir entre duas pessoas: a sua natureza humana.
Dois seres com crenças divergentes, mas que cruzaram caminhos quando da renúncia de um e o desejo de aposentadoria do outro. Uma amizade improvável em momento histórico.
De um lado o Papa conservador, rígido e que quis ser papa. Do outro, o modesto, simpático e querido, que jamais desejou tal posição.
“Dois Papas” fala de amizade, amor ao próximo e as reflexões de dois homens sobre o certo e o errado, a voz divina em suas vidas e a sua resiliência diante de Deus.