O novo filme estrelado por Sandra Bullock parece estar dando o que falar nos maiores sites de críticas do cinema, contra uma percepção oposta a dos telespectadores nas mídias sociais e também no boca a boca.
Assisti ao longa, há mais de uma semana, e ainda me sinto profundamente tocada pela história da protagonista, que tem narrativa em Flashback dos seus últimos vinte anos, antes da primeira cena, quando ela sai de um presidio após cumprir pena .
Frau Bullock, para quem não sabe, que tem os pés na Alemanha, passa todas as cenas praticamente sem maquiagem, descabelada e absolutamente triste, numa interpretação surpreendente, que nos faz sentir a rigidez e força da personagem.
Por que ela foi presa? O que realmente aconteceu? Quantas são as pessoas envolvidas na trama? Poucas, mas com algo que todas tem em comum: uma percepção equivocada dos fatos.
Imperdoável é o que se supõe que a criminosa seja, mas há muito mais por trás de tudo o que parece ser, que vai se desvelando aos poucos, como numa cortina de fumaça.
O enredo é promissor, prende quem possui o mínimo de sensibilidade e percebe que se trata realmente de uma história sobre julgamento.
Vivemos um momento da sociedade, em que julgamos os demais o tempo todo, mesmo quando não queremos e ainda quando nos vigiamos para isso. Veja: se eu fui traída, automaticamente sinto raiva de quem me traiu e o julgo como o traidor. Mas será que foi assim mesmo? O que eu posso não saber ou não estar vendo de minha própria experiência? Ou, alguém deixou de me pagar algo que me devia e eu automaticamente jugo esta pessoa como devedora. Mas será que não há algo que eu não sei dessa história?
Numa era de inúmeras terapias e conhecimentos que nos permitem a evolução da consciência, uma delas, a Access Consciousness, fala constantemente sobre a nossa necessidade de aprender a não julgar, mas de simplesmente aceitar as escolhas dos outros, mesmo quando essas escolhas parecem nos desfavorecer de alguma maneira, ainda que de forma muito negativa. Como não julgar?Como se pode aprender isso?
Eu mesma, confesso que me senti absolutamente tocada pelo filme, pela vontade de estar errada em alguns últimos julgamentos que se tornaram inevitáveis para mim. O quanto dói a indignação de um julgamento, onde parecemos ter sido enganados e prejudicados? Logo eu, que pouco abro a minha vida para alguém e me permito confiar, sofri de um nível de deslealdade que me pareceu absurdo. Mas será mesmo?
Foi o que me perguntei após assistir ao filme e sentir o alívio da dúvida. É muito bom pensar que as pessoas que parecem nos fazer mal não são tão ruins assim. Será mesmo?
Não sei, assim como praticamente todos os personagens do filme se viram errados sobre a própria história a qual carregavam dores, mágoas e indescritível sofrimento.
O que se sente, após vinte anos carregando um peso que não precisaria ter se carregado de tal forma? Alívio, por se livrar do peso ou a constatação do fato de se ter vivido errado por tanto tempo?
Imperdoável tem sido duramente criticado, por motivos que não me dei o trabalho de compreender. Creio que a história é profunda e sensível demais, para quem está apenas julgando tudo ao seu redor, para se dar conta da maravilhosa mensagem que o filme traz.
Para mim, a única coisa imperdoável é não se permitir o aprendizado de vida que o filme traz e a tocante interpretação da atriz!
Maravilhoso!