Como escritora, tenho que dizer o quão boa é a sensação de encontrar num colega, outro escritor. Jocelino Freitas, além de ser advogado, escreve há tempos e é grande amigo e incentivador. Devido a sua gentileza típica, eu já tinha recebido pelo menos dois exemplares de seus livros de presente. Além de mais um que havia comprado. Também quero mencionar que o escritor tem aquela risada gostosa que contagia.
Depois de tempo demais, finalmente li um de seus livros: Javan. Pelo nome incomum, não tinha ideia do que se tratava. Simplesmente comecei a leitura. Já na primeira página, percebi o domínio do enredo. Não afirmo que há maneira correta ou incorreta de se contar uma história, mas existe sim, um modo que cativa o leitor ou não. Eu sou meio impaciente, exigente. Por também escrever, acabo sendo adepta ao meu estilo com a escrita.
Enfim, têm história que contém muita descrição e outras em que um ou mais pontos se estendem demais (ao menos do ponto de vista de gente sem paciência como eu).
A história de Javan, que nada mais é do que o ultimo ser humano sobre a terra, após uma guerra mundial entre máquinas e seres humanos, já começa em seu ponto alto. De cara vêm várias dúvidas: como ele chegou até ali? Por quê? Quem é ele? Ao invés de se esperar páginas e mais páginas pelo ponto alto da história, já se começa nele.
No inicio, tive a impressão de que o enredo se parecia com o filme “Eu sou a lenda” (com Will Smith). Depois me surpreendi com a velocidade em que a historia se desenrola: rápida e objetiva. Intercaladamente , capitulo a capitulo, vamos conhecendo o protagonista, ao mesmo tempo em que nos é apresentado a história do fim do mundo. Sem enrolações.
Javan é um boticário de família, aprendeu o oficio com o pai. Carrega o trauma de ter sido rejeitado pela mãe e o fardo de ter perdido a esposa, os dois filhos e toda e qualquer pessoa que conhecia sobre a face da Terra. (E também as que não conhecia). Com ele, só o seu cão, fiel e único amigo. Juntos vivem a fome e a desesperança de futuro.
Para minha surpresa o que acontece depois e muda toda a minha ideia de que se tratava de algo como o filme já visto, é a chegada de duas crianças na vida de Javan: Adão e Eva. Deus envia ao boticário uma missão e uma nova chance para a humanidade.
Como numa espécie de milagre, passa a ser de Javan a responsabilidade da construção de um novo mundo. E quando digo construção, não se trata do sentido de tecnologia e informação, mas no sentido de ensinar o amor, respeito, ética e valores que possam realmente fazer do mundo algo diferente do que foi.
A historia de Javan não é totalmente nova, uma vez que o fim do mundo está sempre sendo retratado no cinema e na TV de toda forma real possível e também fantasiosa. Mas a combinação de um assunto que interessa a todos, com o domínio da narração de seu contador, faz valer a pena cada página de leitura.
Fica a dica! Javan, o livro! E Jocelino Freitas, um ótimo escritor. No mais, além deste romance ainda há mais dez(?) a serem conferidos.
Se não gostar, reclame com o advogado!
Eu sou só uma mera testemunha.