Numa sociedade onde dinheiro e felicidade supostamente andam de mãos dadas, a história verídica de Maudie Lewis vem nos dar um tapa na cara sobre a delicadeza e algumas verdades sensíveis sobre a vida.
Maudie não foi nenhum modelo de beleza e tampouco aparentava inteligência. Nasceu “aleijada”, como alguns a chamavam. Sofria de artrite reumatoide e era miúda, com pernas e mãos levemente tortas, que com o tempo foram acentuando sua dificuldade.
Maudie sabia que era um peso para o irmão e tia. E embora ela aceitasse sua condição, tinha brio e encontra uma forma de se libertar.
Acaba por buscar um trabalho como doméstica na casa de um pobre pescador, rude e introvertido, numa casa minúscula, pobre e feia.
Com o tempo, Maudie começa a pintar um pedaço da parede, do móvel, da porta, da janela e assim por diante. Cada dia, um pedacinho se enchia de cor, vida e beleza. Passou a vida pintando, ainda que o seu redor fosse extremamente limitado.
Poucas semanas se passam e a artista se casa com o pescador, numa sequência de lições e sensibilidade sobre o ser humano.
Afinal, de onde vem a coragem de uma pessoa dependente e sem experiência de vida para proclamar sua independência, sem qualquer garantia do mundo lá fora?
Qual a possibilidade de se encontrar um amor com um emprego de doméstica, num chefe absolutamente rude?
Qual a chance de alguém que mal consegue segurar um pincel se tornar uma artista reconhecida?
De que forma alguém que nunca saiu de casa pinta coisas que nunca viu?
Como uma pessoa pode ser feliz na pobreza e se satisfazer com tão pouco?
Será mesmo que é pouco?
Maudie extravasava sua ansiedade de vida na arte. E a arte a manteve viva em todos os sentidos.
Para nós, artistas, a emoção daquilo que nos representa, dia após dia: a arte que vive e se debate dentro da gente. E ninguém explica.
A trajetória da vida de Maudie pode ser acompanhada na evolução das pinturas de sua casa.
O pobre pescador se sente menor do que ela, embora fosse normal e mais bonito. A prova de que nossa grandeza, força e amor não dependem de aparência física, capacidade intelectual ou status financeiro. E que o rude possui amor em si mesmo.
O filme Maudie é um alívio às almas cansadas e que se sentem confusas na busca da felicidade.
Não importa que alguns ou a grande maioria acredite e pregue que só o dinheiro é fonte de felicidade.
Caso esteja cansado dessa e de outras crenças desse mundo, aproveite essa válvula de escape. A leveza de poder acreditar que felicidade e amor não dependem do material, mas da alma que se tem.
Arte, vida e amor.
Trailer: