Mary, a rainha da Escócia, foi uma das personagens mais trágicas da nossa história. Não à toa, sua vida é retratada em filmes, livros e agora numa série cheia de esplendor, desde a beleza de seus atores, fotografia, figurino, produção até música e som.
O que torna a história de Mary tão interessante é que, desde o início, sua vida foi marcada por situações fora do comum. Na infância, Mary foi obrigada a viver escondida num convento a partir dos 5 anos de idade, para se proteger de seus já inimigos, mesmo sendo ainda uma criança. Quando sofreu um atentado à sua vida no próprio convento, então Mary partiu para a França, para se casar com o seu prometido marido, o príncipe Francis.
Assim como ela, seu futuro cônjuge tinha tendências mais humanas e corretas do que a maioria no poder; ambos eram sonhadores e românticos, e vieram mesmo a se apaixonar um pelo outro, ainda que aquele relacionamento fosse fruto de um casamento arranjado e de interesses de seus pais: os reis da França, rei Henrique e rainha Catherine de Medici, conhecida como a dama de Ferro da França, uma das rainhas mais fortes que o país conheceu, especialista em venenos e seguidora fiel de seu conselheiro e astrólogo Nostradamus. Além do rei da Inglaterra e a rainha da Escócia, sua mãe.
Mary além de ser uma pessoa generosa, era dotada de beleza e conhecida por ser uma excelente dançarina. De maneira natural, parecia enfeitiçar os homens, sem nenhum esforço. E a rainha aprendeu a usar esses recursos a seu favor, como ninguém.
Como nada em sua vida foi fácil ou comum, Mary não conseguiu engravidar de seu primeiro marido, tendo que conviver com um filho bastardo de seu amado príncipe. A convivência com a sogra não foi a das melhores, considerando os constantes jogos de poder e interesses políticos.
Negligenciada, por vezes, como ser humano, foi se tornando uma pessoa cada vez mais forte para sobreviver ao meio em que era obrigada a conviver: do poder e da monarquia.
Em cada capítulo um tema é explorado: a peste, a guerra entre o catolicismo e o protestantismo, as brigas entre membros da própria família, o amor, a traição e até mesmo questões relacionadas ao espiritismo.
Se a personagem de Mary não fosse o bastante para encantar e prender a atenção do início ao fim, se é tomado pela inteligência da rainha Catherine de Médici, pela sedução do Rei Henrique, pela dureza da rainha Elizabeth e tantos outros.
Melhor do que uma série que mata suas personagens, apenas para surpreender os telespectadores, “O Reinado” corta a cabeça de suas personagens exatamente como aconteceu na história, nos mostrando que a vida real pode ser mesmo muito mais cruel e ao mesmo tempo interessante do que uma mera ficção.
A série “O Reinado” até hoje foi uma das melhores formas que encontrei de vivenciar o merecido descanso do fim de semana e aprender ao mesmo tempo. A beleza da história nos faz refletir e pensar sobre tudo o que fizeram nossos antepassados e o que de fato nos influenciou até aqui. O quanto já fomos bárbaros, e o quanto, ao mesmo tempo ainda continuamos vivendo num mundo, cada vez mais, de interesses, onde o amor acaba em último plano e só por sorte se torna realmente verídico.