Quantas mensagens há no discurso de Joaquin Phoenix logo após ganhar o Oscar de “Melhor ator” em 2020 pela brilhante atuação em “O Coringa”?
Você é capaz de escolher apenas uma parte como a sua preferida?
Veja:
“Não me sinto acima de nenhum dos outros indicados ou de qualquer outra pessoa nesta sala. Todos nós compartilhamos o mesmo amor pelo cinema. Esse meio me deu tantas coisas extraordinárias que nem sei o que eu seria sem ele. Mas acho que o maior presente que me deu, e a muitos nessa sala, é a oportunidade de usar nossa voz pelos que não têm.”
Humildade!
Afirma não se considerar melhor do que os demais através do que fala e do que seu corpo congruentemente também o diz!
Mas a maravilha do parágrafo acima: “… usar nossa voz pelos que não têm”.
Que tipo de voz tem os excluídos? Que tom de voz seria necessário os tantos Coringas por aí fora terem, para se fazerem ouvidos? Quando nenhum tom seria bem quisto, pois a realidade que ele traz não interessa?
Já as vozes dos belos, ricos, famosos e talentosos interessam a muitos. E por isso são ouvidos. Joaquin Phoenix usou sua voz para chamar a atenção ao que a sociedade vem gritando a tempos…, com as consequências da desigualdade, sofrimento e dor, além de toda a arrogância e prepotência de quem não se importa.
Poucos são os que como ele, usam a almejada voz para algo que pode mudar o mundo!
“Seja falando sobre desigualdade entre gêneros, racismo, direitos LGBTQ ou indígenas, direitos dos animais, estamos falando sobre lutar contra a ideia de que uma nação, uma raça, um gênero ou uma espécie tem o direito de dominar, controlar, usar e explorar outros sem impunidade. Acredito que nos desconectamos demais do mundo natural, e nos sentimos culpados por ter uma visão egocêntrica, a crença de que estamos no centro do universo.”
“Entramos no mundo natural, roubamos seus recursos. Nos sentimos no direito de inseminar artificialmente uma vaca e então roubar seu bebê quando ele nasce, mesmo que seus gritos de angústia sejam perceptíveis. E então bebemos o leite que é destinado ao bezerro e colocamos em nosso café e cereal”.
Quanta solidariedade e empatia pelos excluídos e por aqueles que sofrem o preconceito absolutamente diário de nosso mundo.
E pela dor dos que nem sequer falam: os animais por nós subjugados!
“Quando usamos amor e compaixão como nossos princípios, podemos criar, desenvolver e implementar sistemas de mudança que são benéficos para todos os seres e ao meio ambiente.”
“Fui um canalha minha vida toda. Fui egoísta, cruel às vezes, alguém difícil de trabalhar. Estou grato porque muitos aqui nessa sala me deram uma segunda chance. Acredito que estamos no nosso ápice quando apoiamos uns aos outros. Não quando nos cancelamos por erros passados, mas sim quando nos ajudamos a crescer. Educamos uns aos outros, e nos guiamos no caminho pela redenção.”
Eis acima o meu parágrafo favorito. A maturidade em se assumir o imbecil do passado, como todos nós temos de assumir um dia. A prepotente adolescência, a arrogância infantil no início da vida adulta e tanto mais.
É assumindo o pior que se foi, que finalmente se caminha para o melhor!
O ator terminou o discurso, lembrando de seu falecido irmão, que sofreu overdose aos 23 anos de idade. “Quando ele tinha 17 anos de idade, meu irmão escreveu uma música em que dizia ‘vá ao resgate com amor, e a paz o seguirá’.”
Eu tiro o chapéu!
Os melhores segundos do Oscar 2020!
Para o homem atrás da máscara do Coringa e de toda a pompa de Hollywood!
And the Oscar goes to: Joaquin!