Assim que comecei a assistir “O milagre da cela 7”, fui imediatamente remetida ao filme “I am Sam” de 2001 com Sean Penn e Michelle Pfeiffer, que rendeu merecidíssima indicação ao Oscar de melhor ator ao Sean, pela brilhante e inesquecível atuação, além de vários outros prêmios.
Para quem ainda não viu é um filme imperdível e também está na Netflix!
Com nome traduzido para “Uma lição de amor”.
“I am Sam” é um dos filmes que tenho em mente na lista dos favoritos. E “O milagre na cela 7” acaba de entrar nesta lista.
“O milagre da cela 7” assim como “I am Sam” conta a história de um homem com deficiência mental e que possui uma filha no jardim da infância.
O filme turco é dirigido por Mehmet Ada Öztekin e protagonizado por Aras Bulut Iynemli, que faz o tocante Memo.
Memo mora num pequeno vilarejo da Turquia com a filha, Ova (Nisa Sofiya Aksongur) e a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal).
O especial Memo, apesar de deficiente mental, é um ótimo pai, amado pela filha e pela avó, mas ridicularizado pelos mais distantes. Logo no início do filme, Memo se apresenta no lugar errado e na hora errada, quando um acidente fatal acontece com uma menina, filha de um importante tenente do exército, e ele se torna o suposto culpado.
Numa época de poucos diálogos, o pai de Ova acaba sendo condenado a morte. Apanha na prisão, é separado da filha e passa dias vivendo um inferno, que não entende. Aí é que a história começa. E nos toca profundamente. Prepare o lenço!
As mesmas pessoas que o julgaram dentro do presídio e lhe bateram, inúmeras vezes, passam a se dar conta da ingenuidade de Memo, bem como sua inocência e sensibilidade. Sem querer, o adulto com mentalidade de criança começa a transformar a rotina e o olhar de seus colegas de cela.
Dentre tantos criminosos de verdade, o personagem principal acredita estar entre amigos e mesmo sofrendo com a falta da filha, diariamente, num confinamento, para ele incompreensivo, Memo consegue ser feliz com a própria delicadeza de ver a vida a seu modo. Brinca com pássaros e insetos, bem como canta e conversa com Ova, como se a mesma pudesse ouvi-lo.
Memo não sabe falar direito, sequer argumenta, mas com os gestos mais puros, vai tocando um a um em sua cela e em toda a prisão, a ponto dos mesmos se unirem para ajudar o pai desesperado a se encontrar com a filha.
Do lado de fora, o mesmo acontece. A menina Ova descobre uma testemunha do acidente, que agora pode salvar seu pai. Com a ajuda de uma professora e sob os cuidados da avó, vários diálogos se desenrolam e nos tocam a alma.
O longa tem algumas reviravoltas e surpresas, que merecem permanecer assim, até que se veja o filme.
A fotografia é lindíssima. Há simplicidade no cenário, na música, o que faz o todo ficar em harmonia.
Diferente de “I am Sam”, o protagonista não dá um show de interpretação como Sean Penn, mas o que é compensando por uma história diferente e mais complexa, considerando o número de personagens e suas tramas, que se tornam intrínsecas.
Fica a recomendação de dois filmes inesquecíveis!
Para adultos e crianças!
Por mais reflexão nessa quarentena!