397 palavras compõem um trecho do livro que acabara de escrever.
518 é o número que ficou, após o meu consultor de histórias dar sua “pincelada”.
121 palavras de diferença!
30% a mais do que havia escrito.
E eu me pergunto: o que torna o meu consultor de histórias um mestre naquilo que faz? Os 30% a mais? 121 palavras escolhidas aleatoriamente e inseridas no texto?
Não!
Em primeiro lugar, palavras não são combinadas aleatoriamente. Não se trata de um movimento calculado ou combinado a partir de regra nenhuma.
Um trecho do trecho: Acordo no dia seguinte angustiada, cansada, querendo fugir de tudo que tinha feito nos últimos tempos.
E como ficou: Acordo no dia seguinte com o peito apertado, para respirar eu jurava precisar de uma máquina daquelas de filmes de hospital. Eu precisava fugir do que tinha feito nos últimos tempos. Ou fugia ou morria. Pior, dava um tiro na minha cabeça — se comprasse um revólver. Mas sem respirar eu não iria longe. Era melhor ficar ali e morrer.
Muito antes de alguém se tornar um escritor ou um especialista em palavras há o caminho para se compreender a si mesmo, os próprios sentimentos e sua relação com o mundo que o cerca. Em palavras do mundo corporativo: Soft Skills. Em palavras da moda: Inteligência Emocional.
Para ser um Mestre das palavras é preciso primeiro ser um profundo conhecedor de si mesmo.
Mas meu Mestre não era só isso.
Como ele mexe nas minhas palavras e as torna melhor? E altera a minha obra, quando qualquer artista é apegado ao que cria?
Ninguém é naturalmente flexível a não enxergar com os próprios olhos. Somos apegados ao que vemos, sentimos, acreditamos e por aí vai.
Aí então entra a arte de se moldar alguém. Neste caso, fazer um artista se desapegar de seu próprio olhar e criação.
A resposta do meu consultor de histórias, após escrever três e-mails com algumas considerações: “não diga, faça!”.
Mais do que me explicar como melhorar o meu trabalho, ele mostrou com todo seu sarcasmo e ironia como todo o texto podia ficar bem mais engraçado. E ficou! Terrivelmente melhor! Absurdamente melhor! Constrangedoramente melhor!
A extrema paciência ao ler centenas de escritos e abrir tantos olhos todos os dias. A conta gotas ensina! Amador após amador! Dia após dia!
Para ser um Mestre não basta excelente conhecimento, mas humildade em excelência para doar a tantos um pouquinho por dia, com paciência de Jó!
Com a experiência e conhecimento de quem um dia já trilhou o caminho e humildade de quem o fez muito mais rápido.
Ao invés de olhar para trás e se gabar como o melhor de todos, não!!!
O verdadeiro Mestre volta a todo instante, quantas vezes forem necessárias, pega na mão, com carinho, fala, explica, volta de novo… para que todos o alcancem.
E neste longo caminhar, antes que todos atinjam o fim e sem que se perceba, o Mestre já alcançou seu objetivo principal: a confiança e os corações de seus discípulos!
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Afinal, quem é James McSill? A história de um Retiro Literário!
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