Foi numa sexta-feira, dia 20/03/2020, quando vivemos algo inédito no Brasil. Especificamente a cidade de São Paulo decretando seu estado de calamidade pública junto ao Covid-19, pandemia que começou do outro lado do mundo.
Como dizer que estávamos preparados para isso? Nós nem sequer sabíamos usar máscaras. Nem de pano, nem a descartável!
Reaprendemos a lavar as mãos, lavar as compras de supermercado, nos abraçar virtualmente e manter o distanciamento mínimo de um metro e meio.
No início, sentimos medo e seguimos as regas. Ao menos a maioria pareceu seguir assim. Depois de meses, já nos encontrávamos exaustos, ansiosos e até mesmo deprimidos. E as tantas regras, afrouxadas ou não pela Lei, se tornaram mais brandas na prática.
Ainda estamos no meio da pandemia, o que se mostrou um horror com o alto número de mortes, infectados, crise política, econômica, psicológica, guerras de toda ordem na TV e na internet, dentre tantos problemas que surgem diariamente.
Mas como não dizer que vimos o lado bom no meio desse caos?
Quem aqui não gostou da experiência do Home Office? De descobrir que é possível ser produtivo mesmo dentro de casa, trabalhando de pijama e no conforto do lar?
As empresas perceberam que podem diminuir seus custos, liberando o trabalho em casa, bem como a produtividade de seus funcionários é capaz de se manter ou mesmo aumentar.
Mas e agora? Vamos voltar ao trabalho? Como é que fica? Fica?!
Bom! Se você ainda tem um emprego, é algo do qual se orgulhar e agradecer! Não esqueça que em meio à crise muitos perderam seu trabalho. E por isso, mesmo que você se sinta insatisfeito, de alguma forma, deve ser grato pelo que tem. Por quê? para atrair mais do que é bom para você! Fica o adendo: gratidão gera sempre coisas boas a nós mesmos e ao mundo!
Antes de chegar de forma coletiva, homens e mulheres, numa empresa, permitam-me uma pequena historinha feminina, para um breve alerta.
Francisca Super Mulher
Francisca, durante a pandemia, foi fazer Home Office! De cara, ela gostou da ideia.
– Deve ser legal trabalhar em casa. Posso ficar mais tempo com meu marido, com as crianças e talvez comigo mesma. Vou me cuidar!
Pedro, o marido de Francisca já estava habituado a trabalhar em casa. Diretor de uma grande multinacional.
As crianças, de colégio particular, fariam aulas online na sala. E Maria, a diarista, talvez pudesse continuar ajudando. Mas não. Felizmente, Francisca teve o bom senso de liberar a funcionária.
Uma semana se passou e como ficou Francisca?
– Socorroooo!!! Eu quero voltar para a empresa, pelo amor de Deus!!!
No meio da sala, Francisca vê as crianças engabelando o professor, fingindo estar atentos, enquanto jogam no celular por debaixo da mesa.
O marido, que não ajuda em nada, ainda deixa garrafas de refrigerante e embalagens de alimento em todo lugar. Fuma um charuto e fica tranquilo, trancado em seu escritório. O cachorro corre pela sala e faz xixi.
– Eu quero morrer! Eu trabalhava no céu e não sabia!
Francisca agora está atrasada para uma reunião online e não sabe, se chama a atenção dos filhos, do marido ou do cachorro.
Não bastasse a desigualdade das responsabilidades herdada de séculos de uma sociedade patriarcal e machista, ainda há a necessidade de se estar bonita. Nem mesmo a pandemia perdoa uma sobrancelha não tirada, unhas descascadas, falta de maquiagem, cabelo desalinhado ou roupa mal passada.
Francisca está arrasada, senta no sofá e fica uns instantes com seus pensamentos um tanto negativos, mas absolutamente realistas.
“Se a mulher trabalha numa empresa, a mesma espera que ela deixe de ser mãe. Se o filho ficar doente, há de haver um outro alguém que cuide. Em casa, tudo tem que estar limpo e organizado. E janta bem feita. Se não o marido pode chiar, que ela não é boa o suficiente como esposa e mãe, afinal, as crianças e o rapagão tem que ser bem alimentados e cuidados. E ai dela, se não for para academia ficar com o bumbum empinado: leva um chifre e a culpa de não ter se cuidado”.
– Não é fácil ser mulher…
Dentre todo o egoísmo que se ressente de viver numa sociedade desigual, ela se levanta. Coloca os fones de ouvido, ajeita o cabelo, passa o batom e liga o laptop no colo para mais uma reunião.
Voltar ao trabalho! É tudo o que Francisca quer!
O equilíbrio no trabalho entre os gêneros, antes de tudo
Quem aqui se identificou com essa história?
Não estou aqui para falar sobre a desigualdade da mulher no trabalho e em lugar nenhum. Acho que no fundo, todos estamos cansados de saber que esse desequilíbrio existe e que precisa ser mudado.
Mas por que este assunto?
Porque em toda empresa há homens e mulheres trabalhando. E conflitos existem diariamente, seja entre colegas do sexo masculino, feminino ou dentre outros, considerando a liberdade de gênero que hoje estamos vivendo.
Devemos incluir a todos e de forma igual!
Se vocês, homens, estão felizes de voltar ao trabalho, tenho a leve impressão, de que as mulheres estão mais felizes ainda!
Lembrem-se da história, antes de brincar sobre a irritação de uma mulher sobre estar de TPM ou algo do tipo. As mulheres, infelizmente, ainda tem mais responsabilidades de uma forma geral, do que vocês.
Paciência e respeito! É necessário e não faz mal! Não tem efeitos colaterais, mas homeopáticos!
E agora? Como encarar a volta ao trabalho após a pandemia?
Resiliência, pensamentos positivos e autodesenvolvimento
Medo do contágio ainda?
É possível que mesmo com o contentamento da volta ao trabalho, haja a preocupação ainda latente sobre a possibilidade de contágio pelo vírus da Covid-19, tanto de forma individual, como em nossos filhos e familiares.
Como encarar a volta às aulas?
O mundo está seguindo em frente. Caso esteja sofrendo a ansiedade com este tema, sugiro a prática da meditação. Estamos num mundo em constante movimento, transformações e inúmeros desafios.
Não sabemos quando a pandemia vai acabar. É triste, já deu, estamos cansados, mas não temos poder sobre este fato.
Reflita seriamente sobre as sugestões:
Volta ao trabalho sem traumas para os filhos?
É possível que os pais e mães se sintam inseguros de deixar seus filhos em casa, depois de tanto tempo juntos em meio a pandemia. É natural, foram várias semanas, dias e horas de convivência.
Se esse pensamento lhe aflige, antes de tudo, se abra com seus filhos. Fale sobre o assunto. Comunicação e transparência.
Ao se abrir, você vai estar ao mesmo tempo ensinando seus filhos sobre a importância de falar sobre os próprios sentimentos quanto estará os ensinando a importância da comunicação, da conversa franca e aberta sobre a necessidade de seguir a vida como ela se apresenta.
Que tal apresentar para eles a velha frase de Charles Darwin, explicando o sentindo da evolução e a necessidade e de nos adaptarmos sempre?
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”
Faça reflexões profundas sobre a frase acima com seus filhos e antes de tudo, entenda o quanto este momento se tornou importante no sentido da evolução, não apenas de forma individual, mas coletiva, em todo o planeta.
Aprenda a fazer desenvolvimento pessoal sozinho e também com seus filhos!
Tire aprendizados de seus medos!
E o medo dos filhos sobre os pais ficarem doentes?
Se você é uma pessoa responsável, pode explicar a situação aos seus filhos usando o recurso que utilizamos em empresas, para enxergar os diversos possíveis cenários.
Por exemplo, faça uma tabela mental e converse sobre ela com seus filhos. Ou desenhe se quiser, mas fale abertamente sobre tudo o que pode acontecer e mostre como você pensa e se prepara para tudo isso.
Cenário |
O que pode acontecer? |
O que faremos? |
1 |
Papai fica doente | 1- Nós temos plano de saúde!
2- Usaremos um dos quartos para isolar a pessoa infectada e tomaremos todo cuidado dentro de casa, para nãos nos infectarmos pelo doente. 3- O doente receberá todo nosso carinho e apoio até que se recupere. 4- Somos uma família unida e passaremos por toda crise juntos! |
2 | Mamãe fica doente | |
3 | Um dos filhos fica doente | |
4 | Ninguém fica doente |
Continuaremos nos cuidando para que ninguém adoeça! E estamos preparados para tudo! |
Aproveite o momento de crise, para mostrar o quanto é importante a base familiar.
Use do momento difícil para fortalecer seus filhos e os laços entre todos os familiares.
Os momentos assim são chances de demonstramos amor e valores sobre os quais nos estabelecemos!
Mantendo a harmonia do lar sem estar lá?
Para sermos bons exemplos para nossos filhos, a fim de que os mesmos se sintam seguros, precisamos primeiro cuidar de nós mesmos.
Como se sentir bem e equilibrado, a ponto de ajudar ao próximo, seja ele quem for, em meio a tanta crise?
Seguem algumas dicas de ouro:
Em geral, cuide de si mesmo! O que faz você feliz? Faça! Mantenha-se bem, busque o equilíbrio! Quando estamos bem, nos tornamos aptos a fazer o bem a outrem!
Como manter os vínculos com a volta ao trabalho?
Se você é uma pessoa positiva e teve a graça de criar laços estreitos com seus filhos durante a pandemia, meus parabéns!
Mas e agora? Como manter o mesmo nível de proximidade de antes?
Lembre-se, em primeiro lugar, que qualidade de vida está mais associada a qualidade do tempo que se vive do que o próprio tempo.
Isso significa, que se antes, você estava passando 24 horas dentro de casa e agora este número diminuiu para 4, o que você deve fazer?
Pense em como utilizar esse curto espaço de tempo de forma efetiva.
Seguem regras de ouro para se saber usar o tempo, em qualquer situação de forma abundante e positiva:
As mudanças podem acarretar novos comportamentos nos filhos, mais difíceis de lidar. Como lidar com essas situações?
É possível, que mesmo com todas as mudanças que você possa fazer acima, ainda assim, seus filhos sintam a sua falta. Caso isso ocorra, o que você pode fazer para ajudar?
Dicas mais uma vez:
Conclusão final
A crise e os momentos de dificuldade, bem como de dor, sofrimento e perda são sempre momentos delicados, mas que com boa percepção, resiliência e vontade, podem se tornar também momentos bons, ou ainda no mínimo, de grande aprendizado e fortalecimento.
Crescer faz parte da vida e todo crescimento se dá através da dor, do que é difícil, caso contrário viveríamos a vida toda numa zona de conforto, sem crescimento. E assim seríamos sempre os mesmos.
Estamos todos, todo um planeta, vivendo as mesmas dificuldades. Sendo assim, não nos façamos de vítimas e nem reclamemos dos momentos ruins.
Saibamos aprender em toda situação, o quanto este momento de pandemia, ao mesmo tempo que nos isolou, nos mostrou a possibilidade de fortalecer os laços que mais importam: da nossa família!