“Eu não vim aqui para trazer respostas, eu não vim aqui para ajudar ninguém, mas para trazer dúvidas, perguntas, questionamentos, fazer com que vocês pensem, pois este é o papel da filosofia, fazer com que vocês duvidem e pensem a ponto de ter sempre conclusões feitas por vocês mesmos”, dizia uma professora de Filosofia em sua primeira aula do curso de Jornalismo.
Desde então, eu nunca mais parei de pensar sobre o quanto a filosofia é importante. O quanto é essencial que o ser humano possa se tornar um ser pensante, muito além daquele turbilhão de pensamentos desnecessários e descontrolados, que temos o tempo todo. Estudos indicam que são cerca de setenta mil pensamentos por dia, cerca de cinquenta por minuto. É como uma barra de rolagem no Facebook: a maioria não serve para nada.
Na era em que vivemos, a filosofia se faz ainda mais importante, uma vez que estamos bombardeados por informações de toda a ordem, por todos os meios, o tempo todo, sejam notícias verdadeiras ou falsas, relevantes ou irrelevantes, completas ou incompletas, com embasamentos científicos ou pura fofoca. É preciso raciocinar por si mesmo, a ponto de concluir o que é bom ou ruim, o que posso ou devo acreditar.
Na verdade, o primeiro passo a um bom ser pensante é o desacreditar sempre, duvidar. Somente assim se vai mais fundo até o conhecimento, para que se descubra o melhor caminho para um bom pensamento e conclusão. Não estamos falando aqui de notícias de mídias sociais, reportagens sensacionalistas ou das opiniões dos melhores amigos. Uma pessoa que deseja se tornar livre e dona de si mesma, deve ser antes de tudo, alguém que pensa por si mesmo.
Frase de Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”. É preciso muita coragem para seguir os próprios pensamentos, quando uma grande maioria está no caminho contrário. E nada de mal há nisso, é preciso ser fiel e leal aquilo que se acredita, sempre.
Frida Kahlo dizia: “Eu não quero que pense como eu, só quero que pense”. Este é o ponto.
“O experimento de Milgram” foi um experimento científico, desenvolvido pelo psicólogo Stanley Milgram no início do ano de 1961, tornando-se referência em estudo, análise e crítica sobre o comportamento humano. Além de ter se tornado filme em 2015.
Em um de seus estudos, Milgram estudou o comportamento do indivíduo em grupo. Colocava um voluntário verdadeiro junto com quatro voluntários falsos, que mediante perguntas simples, se sentia compelido a responder erroneamente, conforme o grupo, mostrando o quanto o ser humano é suscetível a mudar sua opinião e mesmo seus princípios, quando em um determinado grupo de pessoas. Ficou comprovado, que temos tendência a concordar com uma maioria, mesmo sabendo que esta maioria está errada.
Para quem se interessa pelo assunto ou gostaria de compreender como a filosofia pode atuar como fator determinante e positivo na vida das pessoas, sugiro a série “Merli” na Netflix, que traz o tema de maneira leve, reflexiva e prazerosa, com um professor que ensina filosofia para seus alunos adolescentes, transformando suas vidas, fazendo com que eles pensem por si mesmos. Platão, Maquiavel, Aristóteles, Sócrates, Schopenhauer, Focault, Nietzsche, dentre outros são citados na série de forma extraordinária e didática.
Pensar é libertador, nos torna humildes, flexíveis, abertos a novos conhecimentos e atitudes e proporciona sempre um avanço no que se é e faz. Se temos uma mente descontrolada e desequilibrada como uma barra de rolagem do Facebook, é preciso aprender a construir bons pensamentos e discernir com equilíbrio o que filtrar em tempo real e constante o que presta e o que deve ser para sempre eliminado.
Para nosso autocontrole: pensamentos bons! O que alimenta, desenvolve e organiza o pensamento são, evidentemente, uma boa educação familiar e formativa, a leitura, a Arte – a cultura sob todas as suas formas manifestas, a observância da ética que nos suscita a Filosofia , boas escolhas e companhias e práticas de meditação.
Porque pensamentos bons geram uma vida mais equilibrada, saudável, profícua e feliz – para todos!