“E quem disse que a dor não te faz crescer?”,
Caio Fernando Abreu
Se você nunca ouviu falar, a Antroposofia divide as fases da vida em setênios, períodos que mudam a cada sete anos. Isso significa que dos zero aos sete anos vivemos o nosso primeiro setênio, a fase mais importante da vida, pois é desse período que carregaremos o amor e os traumas que recebemos de nossos pais ou cuidadores e teremos feridas dentro de nós, que iremos curar na vida adulta, quando mais maduros e conscientes de nós mesmos.
O primeiro setênio é responsável pela nossa formação física. E segundo Freud, o Pai da Psicanálise, o período mais importante da vida do ser humano, porque é nesta fase que se constrói o alicerce sobre o qual nos construiremos a vida inteira, sendo ele um alicerce de amor e ou dor.
O segundo setênio vem com a transição da infância para a adolescência, marcada pela chegada das emoções, através dos hormônios, sexualidade, formação de personalidade, desafios e descobertas de que o mundo não é só aquilo que conhecemos dentro de casa ou na sala de aula.
O terceiro setênio vem com o trabalho, a busca pela independência, o fim da adolescência e o início da vida adulta. Muitas transições ocorrem em nossos sentimentos e percepções sobre o todo e nós mesmos, influenciando nossa maneira de interagir com o mundo e com as pessoas.
O quarto setênio marca a chegada do desenvolvimento da espiritualidade em nossa existência. Já que o primeiro denota a formação física, o segundo a formação emocional e o terceiro a formação da nossa identidade, os demais iniciam o nosso processo de maturidade da alma.
A cada setênio continuamos nos transformando e cada um tem suas peculiaridades. Se você observar direitinho na sua trajetória de vida, vai perceber por si só, as grandes transformações que passou a cada sete anos e o quanto ainda irá passar se observar as pessoas mais velhas que você.
Existem diferentes níveis de maturidade e de autoconhecimento, não é possível se comparar a força e desenvolvimento mental e emocional de uma pessoa de vinte anos com outra de quarenta ou sessenta, nada substitui a experiência de vida e do próprio caminhar.
Quantas vezes você já ouviu falar sobre a crise dos 30 ou da vida após os 40? Ou ainda a maturidade dos sessenta? Viver vai ficando muito melhor para quem usa do tempo para se autodesenvolver, olha seus erros buscando aprender com eles como se fossem lições, pois é o que realmente são.
Estar vivo é um eterno aprendizado de nós mesmos, numa busca incessante por um sentido à vida, que por vezes acreditamos estar no âmbito profissional, por outros instantes, enxergamos isso no amor ou na família, quando no todo, a vida só encontra plenitude no equilíbrio entre todas as coisas, numa dança que nunca para.
Tantos altos e baixos, mudamos constantemente numa eterna construção e acabamento de nossas arestas, melhorando o alicerce e interagindo com o mundo a cada segundo, com outros indivíduos que em diferentes setênios nos alimentam ou nos sugam, de quando em quando.
O sentido da vida é um só: crescer, amadurecer, evoluir. Somos tão frágeis e insignificantes que ainda não sabemos nem de onde viemos e nem para onde vamos, mas aceitamos na fé as nossas suposições filosóficas e espirituais, na certeza da graça divina a nos resgatar um dia da incerteza de ser humano.
Cresçamos!
A cada sete anos, um pouquinho por dia e sempre!