Quando tinha dez anos de idade, já tinha um caderninho onde fazia meus escritos. Não achava que eles eram importantes ou bem feitos. Apenas os guardava, porque me sentia bem ao escrever. Colecionava uma porção de textos, que com o passar dos anos se tornaram razão para motivação por parte de vários professores de redação.
Muitos foram os mestres que me incentivaram, tanto na escola quanto na universidade. Mas eu não acreditava que eles falassem aquilo como uma crença real. Eu achava que era coisa de professor e ponto. Felizmente eu estava errada.
O fato é que eu continuo escrevendo pelas boas sensações que isso me causa. Ora pelo prazer do desabafo, ora pela possibilidade da organização de tudo aquilo que eu sinto e penso.
Escrever tem sido uma dádiva que trago comigo desde criança. Talvez por isso eu nunca tenha me encontrado no caminho da minha vida profissional antes. Parece mesmo que nasci para escrever. E ainda que muitas vezes não me pareça algo importante, de alguma forma minhas palavras acabam tocando alguém.
Por dentro carrego uma gratidão viva, por todos aqueles que tanto acreditaram em mim. Hoje também sou grata às inúmeras pessoas que me leem e me retribuem o que escrevo através de comentários ou com o simples fato da leitura assídua.
Fazer parte do mundo artístico é algo que acontece puramente por amor. E a continuidade de um trabalho que é feito apenas com o coração, tem sido o carinho e afeto de tantos que nunca nem me viram, mas que se comovem com minhas histórias e se sentem parte de minhas palavras.
Certa vez escrevi um texto, aos dez anos de idade, que meu pai acreditou que eu havia copiado de algum lugar. Na época não entendi o porquê. Mas hoje me é muito claro.
A verdade é que quem escreve, não escreve bem, porque descobriu as regras para tal. Mas sabe colocar as palavras, porque sente intensamente cada instante que vive. O escritor não é escritor simplesmente porque escreve. O escritor é antes de tudo alguém que sente mais até mesmo do que gostaria.
A dor de sentir tanto e não ser compreendido por isso.
Antes de escrever demais, sente-se demais, sofre-se demais, ama-se demais.
E sente-se demasiado só. Em suas palavras que vagam um mundo de menor intensidade, como se fosse um mundo do qual ele mesmo não pertence.
Aos dez anos, eu não apenas escrevia demais.
Eu sentia demais…
(Texto escrito aos dez anos)
“A luz de nossos sonhos
A pétala de uma flor quando se cai, é o seu toque em meu corpo;
Um anjo entre as nuvens do céu é o seu beijo em meus lábios;
O canto do silêncio é o seu gemido em meu ouvido;
O som do mar nas ondas são nossos corações batendo mais forte;
A chuva que cai e se vai na enxurrada é o seu suor correndo meu corpo;
O vento que toca até o mais alto das montanhas, é o suspiro da satisfação de podermos nos amar;
O sol se pondo é a luz de nossos sonhos, mas quando renasce, vemos que a luz não está nos sonhos, mas sim em nossas vidas.”
2 Comments
Linda reflexão, bem amadurecida pra tão pouco tempo de vida…Lindo, lindo…Continue escrevendo…
kkkkkkkkkkkkkk obrigada!!!! Anjo!!!!