Quando eu era mais jovem, achava curioso o fato, de que meu pai sempre mencionava o ano de 1994 como um dos anos mais difíceis que havia vivido. Eu ficava imaginando, intrigada, se algum dia eu viria a ter a mesma percepção sobre algum ano em minha vida.
Os anos passaram e algo ficou muito claro para mim: a vida não fica mais fácil com o passar do tempo, nós é que vamos nos tornando mais fortes através dela.
Não é tarefa simples definir o ano mais difícil que vivi. Assim como meu pai, tenho algumas memórias negativas em relação ao ano de 1994, mas conforme passou, as responsabilidades foram aumentando vertiginosamente. E quanto mais se faz e se alcança, mais lições passam a fazer parte da vida, naturalmente.
Creio que posso definir algumas fases. Como a época da solidão, entre 2005 e 2011, minha vida como estrangeira na Alemanha. Sem muita resiliência, o tempo da inconsciência e revolta, seguido de um longo e sofrido despertar.
Houve a fase do reencontro comigo mesma e tudo o que era meu. E apesar de ter durado pouco, foram momentos de felicidade. Algo entre 2011 e 2013.
Os anos que vieram depois foram os responsáveis pelo meu mais profundo despertar. Experiências que trouxeram à luz os erros do passado, bem mais do que os acertos. A necessidade de encarar os arrependimentos. De 2013 até 2016. Não foram fáceis, mas talvez os mais esclarecedores.
E então ele veio: 2017!
Quando dotados de maturidade e força, acreditamos estar preparados para tudo. Cheia de coragem, enfrentava a minha última grande mudança, dentre tantas outras que já havia feito. Mas esta vinha com alguns planos que não saíram como o esperado.
Em meio a tantas turbulências, percebi na prática, que mesmo quando nos acreditamos fortes o bastante, a vida vem e força um pouco mais. Tive que entender que ainda não era humilde o bastante, nem resiliente ou grata o suficiente. Com problemas de toda ordem, ao menos enxerguei o quanto havia crescido. Soube enfrentar de pé várias dificuldades, embora o preço tenha sido alto em alguns momentos.
É difícil definir o pior ano de toda uma vida, pois dificuldade tem um peso e tristeza tem outro. Creio que 2017 ficará em minha lembrança como um dos anos mais difíceis, mas não o mais triste, pois dentro dele, ainda que dolorosamente, houve grandes descobertas e crescimento.
Penso que para grande parte da população brasileira este será um ano que não deixará muitas saudades.
Gosto de ter esperança para 2018. Não sobre um carro novo ou uma casa nova ou ainda por alguns quilos a menos. Desejo que seja um ano de boas surpresas, com a colheita que parece ter ficado em aberto, os frutos que não amadureceram.
Que 2018 seja simplesmente leve. Talvez com menos dificuldades, talvez não. Mas que haja equilíbrio entre o que dói e o que faz sorrir.
Se houver lágrima, que também haja o riso.
Para toda dor, também um gesto de amor.
Seja muito bem vindo 2018!