Mais um ano chegando ao fim daquela maneira cada vez mais habitual: sem nos darmos conta! Começamos o ano, cheios de energia, de ideias novas e sonhos. Entramos no ritmo de nossa moderna sociedade, correndo contra o tempo, a fim de cumprir todas as metas: estudos, trabalhos, casa, saúde, família e tanto mais.
O ano chega ao seu final e eu me questiono: o que eu realmente esperava deste ano? Será que cumpri as metas que tinha em mente? Meu saldo está positivo ou negativo?
Para muitas pessoas pode ser que o ano tenha sido como os demais. Muitos não mudam de cidade, de trabalho e levam uma vida quase que sempre previsível nesse sentido. Já eu, neste ano, mudei de trabalho, de áreas, e assim mudando as pessoas à minha volta. Mudei minha energia. Troquei de roupa por dentro e por fora.
Nem estavam na minha agenda todas as mudanças que vieram, e apesar de terem sido inesperadas, foram bem-vindas. Com dor no coração deixei muitos para trás. E até agora carrego a saudade dos que lá ficaram.
Confesso que não sou muito de planejamentos. Minha vida sempre foi “a la” Zeca Pagodinho, “Deixa a vida me levar”. A maternidade veio assim, cedo e de surpresa, me transformando finalmente em mulher. Não foi de um dia para o outro, mas um processo que deve durar até o meu último dia. Passei por três universidades para finalmente me graduar em uma. Vários trabalhos, várias cidades e até outros países. Alguns relacionamentos e tantas amizades. Vida em movimento.
Percebo pessoas sempre falando sobre seus planos. Entra ano, sai ano, e eu acho que continuo deixando a vida me levar. Do que ela me trás, tento o melhor que posso. Se tivesse planejado com a maturidade que tenho hoje, acho que seria diferente, com menos dores, menos erros e menos mudanças. Só que aí eu não seria hoje o que sou. Provavelmente não com a mesma força e a mesma sensibilidade. Será que em outro caminho eu também seria escritora? Não sei. Afinal, foi pela dor que a coragem de escrever publicamente surgiu.
E agora mais um Natal e um ano que se finda. Confesso que não tenho um plano para 2016. Algumas boas possibilidades sim e muita coragem para possíveis mudanças. Esperança daquele amor que ainda desconheço e da presença do melhor que conheci até hoje: o saber aceitar aquilo que não se muda. O seguir em frente, mesmo quando a dor se faz, na certeza da lição necessária com o alívio iminente lá na frente.
O melhor presente de natal será o de sempre: o encontro com a família. Com os pais que já se encontram em certa idade, mas que ainda estão lá: a espera da família.
Na verdade o ano que vem deverá ser quase igual a este e a todos os outros. Os dias chegam e se vão da mesma forma, com a mesma rapidez. O que muda de verdade é o que eu sou por dentro. A cada dia, vinte e quatro horas são possíveis de transformar a pessoa que eu sou em outra. Cabe a mim me transformar em algo melhor ou permanecer a mesma.
O natal poderá mais uma vez ser o mesmo: a casa de meus pais, com uma árvore enorme na sala, ao lado da lareira. Os presentes que se formam em volta dela e a briga sobre quem vai se vestir de papai Noel. Na verdade, não tem nada demais, não muda nada. O amor é que está lá e que me preenche para o início de mais um ano, seja lá o que vier.
E então, é natal!