Mesmo antes da estreia, o filme “50 Tons de Cinza” já veio gerando diversas polêmicas e especulações. Várias matérias publicadas, críticas e até mesmo estatísticas: “O filme poderia ser nocivo às mulheres mais inexperientes ou imaturas”, “O filme deveria ser chato” e “o filme iria aumentar a venda de produtos sadomasoquistas nos sexshops”.
Tendo lido o livro há dois anos, tenho que dizer que me empolguei com a possibilidade de ver o longa. Apesar de achar a ideia de se apanhar de um homem, nada atraente, acreditei que uma superprodução de Hollywood transformaria a história em algo menos brutal para algo mais sensual.
A narração de uma moça virgem de vinte e um anos, que conhece um milionário quase que por acaso e em seguida se envolve com o mesmo e seu estilo sadomasoquista, não vem a ser exatamente uma história de amor. É sim uma experiência de desejos e descobertas, e talvez por isso a história seja tão polêmica. Afinal, todos buscamos o amor. Sabemos que todo ser humano tem uma forma diferente de sentir e entender o amor, uma vez que estes sentimentos e conceitos são construídos em cada sistema familiar de forma única. E há quem veja na agressividade uma forma de amor, assim como o filme sugere.
Bem mais rápido e empolgante do que o livro, as cenas de sexo no filme não demoram a acontecer. Diferente da versão impressa, que são necessárias mais de duzentas páginas para os mesmos acontecimentos.
Acredito que, o que chama a atenção das mulheres de verdade nessa história, não tem nada a ver com o sadomasoquismo do Sr. Grey (Senhor Cinza para os mais desavisados), mas o desejo que ele sente e demonstra pela mocinha, a Senhorita Anastasia Steel, ou apenas Ana. É da natureza feminina querer ser desejada, se sentir como tal e ver um homem lutando arduamente por ela. Assim como é da natureza masculina o ter que competir e lutar para se conquistar uma mulher.
Uma mulher se arruma todos os dias para sair de casa, não é apenas para se sentir bonita. Por mais que ela se olhe no espelho e se sinta bem consigo mesma, é no sair às ruas e sentir os olhares alheios, que vai lhe trazer a completude do se sentir uma mulher atraente. É mais do que um planejamento em seus devaneios femininos, mas algo inerente à sua natureza. E quando um homem se esforça para estar ao seu lado, com sua presença, carinhos, telefonemas, presentes e principalmente insistência, aí temos a melhor receita para o sucesso de sua conquista.
Não são as chicotadas ou os tapas do Sr. Grey, que conquistaram milhões de mulheres mundo afora, mas todo o desejo que ele sente por aquela menina quase que sem graça em suas roupas e cabelo desarrumados, somados à sua timidez e introversão.
Se de um lado o Senhor Grey é perfeito, jovem, lindo, bem sucedido, poderoso e intimidador, do outro, temos a menina sem traquejos, bonitinha, sem dinheiro e sem maiores atrativos. A atração entre os dois parece ser a salvação da mocinha, uma vez que parece surpreendente o desejo de um homem tão poderoso para com ela.
Muito há para se falar da história e do filme 50 Tons de Cinza.
Entendo que o mesmo pode ser realmente nocivo para mulheres inexperientes ou para mulheres imaturas. Há quem assista ao filme e não venha a se iludir com a ideia de amor transmitida por ele, mas há os que realmente tentarão imitar o casal no pior que ele apresenta: na sua forma tortuosa de demonstrar o amor, ainda que seja o desejo de apenas um dos protagonistas.
Para quem se lembra do filme “9 semanas e meia de amor” com Kim Basinger e Mickey Rourke, posso afirmar que o filme mais antigo é bem mais atraente e sensual do que “50 Tons”. Sendo o primeiro, apesar de mais antigo, muito mais ousado e erótico. Ambos os filmes mostram uma atração perigosa, sexo ardente e conflitos na forma de amar. Aliás, a cena do gelo de “50 Tons de Cinza” parece uma cópia quase que idêntica de “9 semanas e meia de amor”.
Não há como impedir o desejo de mulheres e meninas em relação ao filme, ao livro e à história de “50 Tons de Cinza”. Se é criticado, rotulado como perigoso e tanto mais, só aumenta toda a instigação que já existe em volta do assunto. O que vale é uma boa dose de bom senso, de tentar se entender o que é o amor de verdade, aquele que vale a pena. Por que nos sentimos tão atraídos por esse tipo de história? Simplesmente porque nós, pobres mortais, passamos a vida buscando o amor verdadeiro e suas chamas.
No mais, um Senhor Grey interpretado por Jamie Dornan já deve fazer valer a pena o ingresso. A menos chamativa Anastasia é interpretada por Dakota Johnson.
Não chega aos pés de “9 semanas e meia de amor”, mas é o que tem pra hoje!