Durante um módulo de pós-graduação, no qual vivenciei aulas “out door”, praticando atividades físicas, confesso que me entristeci, ao perceber as tantas limitações do meu corpo. Apesar da matéria se chamar “Vivências Empresariais junto à natureza” e ter como objetivo principal a humanização de líderes, o meu resultado mais efetivo, foi a constatação de emergência em relação a minha saúde física.
A aula que durou toda a manhã e a tarde de sábado, veio com várias atividades em grupo, que visavam o encontro de pessoas e o cumprimento de algumas tarefas, que seriam bem ou mal sucedidas, de acordo com a estratégia e trabalho em equipe. A diversão foi garantida por conta do “lugar” incomum, como um jogo de futebol, onde sete alunos vestiam uma camisa enorme, feita para este exato número de pessoas. Então cada jogador em campo era composto por sete pessoas. Um verdadeiro caos, que funcionou de maneira incrível. A agressividade masculina misturada à delicadeza feminina.
Entendi piamente o objetivo do módulo. Trabalhando atualmente em uma empresa em processo de transição, percebo claramente no dia-a-dia os problemas que a falta de humanização podem causar. A importância de líderes humanizados para o sucesso de uma empresa é tão grande quanto a necessidade de se ter profissionais capacitados em cada área de atuação.
Uma empresa não deve ter profissionais fazendo bem feito apenas o que sabem. Há de existir sensibilidade humana, seres com capacidade de enxergar o outro, uma vez que uma empresa não vive apenas de produzir, mas ela sobrevive também do bem-estar dos que estão produzindo. Infelizmente um líder considerado desumano por seus subordinados, é capaz de diminuir a qualidade de vida dessas pessoas e consequentemente, de toda uma área de produção.
Por mais que um líder seja capacitado em suas tarefas, se ele não souber olhar as pessoas como tais, as mesmas se voltarão contra ele, quer ele perceba ou não. A produção cai, a confiança, a qualidade, ou ainda de outra forma, mas essa desumanização será refletida de alguma maneira.
Mais do que uma aula divertida, eficaz e diferente, senti que o dia também me valeu como um “belo” tapa na cara. Triatleta, de muitos anos atrás, fiquei com dores em toda a sola dos pés por curtas corridas que fiz. Fiquei sem ar e me senti desajeitada e com medo de me machucar em quase todas as atividades que pratiquei.
Vi meu próprio corpo me jogando na cara, toda falta de condicionamento físico em que hoje me encontro. Nem eu mesma acreditaria nas dezenas de quilômetros que já nadei, corri e pedalei diariamente há anos atrás, considerando os poucos metros que me fizeram dolorida.
A minha aula de pós acabou também me servindo como uma lembrança, de que a humanização deve ser voltada para si mesmo, sob o olhar atento que se deve ter sobre corpo, mente e espírito. A vida moderna, com toda sua necessidade de se correr contra o tempo, em prol do trabalho, do estudo e do sustento, acaba nos tirando a atenção de algo muito mais importante: a saúde.
A minha maior lição deste módulo foi além. Foi ter percebido e assumido a mim mesma, o quão negligente tenho sido com meu próprio corpo. O processo de humanização deve incluir a maneira de se olhar para si mesmo, algo que deveria valer muito mais do que uma empresa inteira. Ao menos sob o meu olhar, acredito que é assim que deveria ser.
Pois o cuidar do corpo também é um ato de humanização. A humanização de e para si mesmo.