Lendo um livro sobre auto transformação, fui induzida a pensar no raciocínio dialético ao qual vivenciamos durante toda a vida. Desde pequenos até o fim, sempre nos posicionamos entre uma coisa e o seu contrário, seja para provar a existência de algo, seja para nos posicionarmos num assunto ou tomar uma decisão.
Achei muito interessante pensar que o errado não existe. Uma vez que uma atitude errada nos leva posteriormente para mais perto daquilo que é certo, o errado se torna apenas uma ferramenta que nos leva às atitudes corretas. O errado acontece para que se aprenda o certo.
Gosto de pensar num jovem, por exemplo. Devido à idade e à sua esperada falta de maturidade, sabemos que o mesmo irá cometer erros em sua juventude. Irá errar nas escolhas, talvez em amigos, namoradas, faculdade, trabalho e atitudes. Mas também sabemos que a vida ensina, e todos esses erros o levarão a entender o seu próprio caminho. O que é bom e correto para ele mesmo. Sendo assim, porque nomeamos os erros como erros?
Será mesmo que existe o certo e o errado? O bom e o ruim? Céu e o inferno? Não poderíamos encarar o lado “mal” da vida, simplesmente como sendo um conjunto de ferramentas que nos levam e nos fazem entender o lado “bom” da vida? Não somos apenas crianças sendo educadas pela vida e pelo tempo, com todas essas ferramentas? Não são também as pessoas “más” que nos tornam mais fortes com suas atitudes “ruins”? E essas pessoas “más” também não estão no mesmo processo de evolução, se direcionando para o lado “bom” das coisas? E sendo assim, não podemos enxergar tudo aquilo que aos nossos olhos é visto como “ruim” como algo que está se transformando?
Considerei a ideia renovadora. Apesar do raciocínio ser lógico e simples, encontrei uma maneira muito mais positiva e leve para se enxergar a vida e o próximo. Se alguém me ofende, posso olhar no fundo dos seus olhos e pensar que ainda está numa fase de transformação, de evolução. Afinal, todos estamos, uns mais adiantados, outros menos.
Se houver falta de amor, lembremo-nos da evolução que este ainda não alcançou. Se há brigas, nos solidarizemos com a paz que ainda não atingiram. Quando a ignorância se faz presente, tragamos a pouca sabedoria que tivermos, afinal, todos estamos em sua busca. Não somos seres maus ou seres errados. Somos apenas inconstantes em nossa pequenez, mas constantes em nossa evolução, no aprendizado diário, que vem com as dores e sofrimentos da vida.
Entre o certo e o errado, é bom pensar no assunto e entender que o errado não existe. Vale ressaltar aqui o quão desnecessário são nossos próprios julgamentos sobre os outros e sobre situações. Todos estamos em um processo. Se não comparamos uma criança de primeira série com um adolescente de primeiro colegial, também saibamos não comparar um ser com outro, sem sequer saber a idade de sua alma.
Que a sabedoria ou o almejo da mesma seja nossa aliada neste processo chamado vida, onde todos somos ligados de alguma forma, em algum instante, em algum lugar. O conhecimento nos traz o discernimento para algo que tanto precisamos: tolerância e paciência. Outras vezes, garra e força. Vivemos um momento em que a informação nunca esteve tão disponível para todos, proporcionando possibilidades positivas como o crescimento, amadurecimento e noção de tudo que é certo e errado. Ou ainda melhor, de que tudo é certo, para aquele tempo, para aquela pessoa e aquele lugar.
Que cada um de nós possa finalmente sentir o que há de certo no errado alheio e em seu próprio incorreto, criando assim um olhar aliviador sobre a vida, de que tudo segue conforme tem que ser.
A vida sabe mesmo o que faz!