Hoje eu chorei ao ver um vídeo na internet. Foram menos de dois minutos, mas o bastante pra me tocar a alma. O vídeo mostrava um cachorro, que reencontrava uma moça após dois anos sem nenhum contato com a mesma. O reencontro se dava com o animalzinho chorando até o ponto em que ele perdia o ar e literalmente parecia passar mal.
Se até um cachorro sofre a saudade e a dor da distância de uma pessoa ausente, o que dizer de nós, seres humanos, que além de sentirmos a dor, também a refletimos?
Eu chorei ao ouvir o choro do cachorro. Chorei porquê de alguma forma me conectei a intensidade de sua dor, mesmo já sendo no alívio de um reencontro.
Saudade dói. E às vezes saudade não tem volta.
Sofremos a saudade de alguém que se foi, de momentos que não voltam. E até mesmo de pessoas que se transformaram, deixando para trás, em algum lugar, aquilo que tanto amávamos nela.
A saudade é algo inerente ao ser humano, faz parte da vida. Aprendemos a viver com ela pela necessidade de sobrevivência. Aprendemos a viver com as dores da vida, que nos são impostas dia após dia, até que elas parecem se tornar algo natural, que simplesmente fazem parte.
Aprendemos a viver e a reagir como se fôssemos de ferro e não mais de carne e osso.
Apesar de o vídeo ter sido algo simples, curto e caseiro, mexeu demais comigo a dor do cão que se reencontra com sua possível dona. Durante quanto tempo o animal não pode expressar sua dor? Será que pensava nela? Será que sentia sua falta em seus dias banais de animal de estimação?
Assim como um animal é incapaz de demonstrar sua dor através de palavras, nós, seres humanos, também vamos nos tornando. Não por uma incapacidade de expressão, mas por uma necessidade avassaladora de abafar o que sentimos, para seguirmos em frente.
Ah…, saudade…, como dói este sentimento de perda. Perda de momentos, perda de pessoas, perda de uma vida que se foi. Perda até de um animalzinho de estimação.
A saudade acumulada no decorrer de uma vida inteira não pode ser medida. Porque saudade não tem medida, não tem peso, não tem tamanho. Saudade é sentimento puro, dolorido e transparente.
Não consigo mensurar a saudade daquele cãozinho. Só me fez chorar, porque por um momento a saudade dele tocou as minhas. Saudade de tantas coisas, presas aqui dentro, em nome de uma vida que deve apenas seguir em frente.
Porque tem saudade que não tem cura. E a gente apenas segue com ela.
Quem dera todas as saudades pudessem ter a chance de um reencontro, como a do cãozinho que passou mal, a ponto de lhe faltar o ar. Mas com o ar recuperado, aquela dor de saudade finalmente pôde começar a se tornar uma cicatriz.
Eu tenho saudades que todo mundo tem, que são feridas abertas e assim serão por uma vida inteira.
Que dói…, dói…, mas fazer o que? Pra essa dor ainda não se inventou nenhum remédio.