Depois de anos sem frequentar uma universidade como aluna, resolvi fazer uma Pós-graduação na PUC em Curitiba. O curso “Gestão estratégica de pessoas” me pareceu cair como uma luva. Além de poder aprender e aplicar no meu trabalho um conhecimento interessante e requisitado, eu também estaria lidando com aquilo que mais gosto: pessoas! Porém a falta de tempo me deixava com receio.
Como seria ficar na universidade duas vezes por semana até às 23 horas, após uma jornada inteira de trabalho? Será que aguentaria? E a falta de sono? Tempo para estudar e fazer trabalhos? Como daria conta disso tudo? Se minha vida já estava corrida (e estava mesmo) não fazia bem ideia de como seria.
A gostosa expectativa de conhecer novas pessoas e voltar ao ambiente universitário contrastavam com meu medo de não dar conta da minha própria vida. Enfim. Lá fui eu para a primeira aula. A matéria: estratégia empresarial. Confesso que nem pensei no assunto. Cheguei à sala com um sanduíche na mão, e naquele momento tudo o que eu queria era matar a fome.
O professor começa sua aula pontualmente às 19 horas. Afirma que é sempre fiel ao horário de saída: 23h. “Vai ser uó”, eu pensei. Então ele começa sua aula de forma bem dinâmica, anda o tempo todo e interage com os alunos. Assim foi até as exatas 23 horas. Informações que a princípio não são interessantes o bastante para manter uma sala de aula inteira atenta por quatro horas seguidas, foram entregues a nós, de forma tão simples e ao mesmo tempo brilhante, que posso dizer que esqueci totalmente o cansaço e o medo de levantar cedo no dia seguinte.
Então para a aula seguinte já existia expectativa. Começamos os trabalhos práticos em equipe. Inicialmente não me motivaram tanto, mas na semana seguinte senti o quanto elas eram úteis e imediatamente aplicáveis no dia-a-dia.
Hoje teremos aula no Habib´s. É. Isso mesmo. A lista de chamada será uma foto com os alunos de cada grupo feita no restaurante e enviada para o professor via facebook (que também estará em um dos restaurantes da rede). A intenção é comer, conversar, rir, visitar a cozinha e o banheiro do local, observar o atendimento e funcionamento do fast-food. Um estudo de caso deverá ser feito, debatido, fotografado e também enviado via rede.
Apesar da novidade do uso tecnológico, que acompanha o ritmo e estado emocional em que vivemos constantemente, ainda não é este o fato, o qual mais me chamou a atenção sobre o professor. Mas a facilidade que o mesmo possui, em transmitir conhecimento com prazer. Na sua simplicidade de oferecer ao outro uma informação, de uma forma que o outro goste de receber. Apesar de ser algo aparentemente fácil, todos sabemos por experiências de vida, que nem todo professor é bom. Não porque ele não intenciona ser bom, ou porque não é bom de fato. Mas porque para se tocar um ser humano como aprendiz, há de se ter energia primeiro, luz própria, um certo “que”, que atinge o outro em seu interior, criando a motivação interna que se precisa para desejar o desconhecido.
Acredito que para tudo na vida o aprender depende em primeiro lugar de nós mesmos. E o ensinar, seja o que for, não depende apenas de conhecimento, diplomas e anos de experiência profissional no currículo. Para o aprender de verdade, aquele que não vamos nunca esquecer, depende da paixão e do brilho de quem ensina.
Sabe aquele professor que a gente nunca esquece? Pois é…
Esse sim é uó.