Eu nem saberia dizer, quanto tempo havia, em que eu não realizava uma viagem como essa. Não por se tratar de uma viagem internacional e de um lugar absolutamente novo, mas por se tratar de algo que eu realmente desejava.
Sempre fui o tipo de pessoa que acredita, que mais importante do que o lugar, é a companhia em que se está. Na minha experiência de vida de seis anos na Alemanha, já havia feito muito: viajado com e sem companhia. E independente de como fosse, todas as experiências me comprovaram, que eu sempre estive certa: com quem se está é mais importante do que o lugar para onde se vai.
O principal motivo de eu ter desejado ir para a Colômbia não era o país em si, mas a companhia que me esperava chegar lá. Sabe aquela prima que você curte desde a infância e depois os laços se fortalecem na juventude com a cumplicidade dos erros, risos e laços que parecem ir além dos consanguíneos? Pois é. Eu tinha uma esperando por mim. E posso garantir, que minha viagem se iniciou muito antes de eu sequer arrumar a mala. Os diversos e-mails e mensagens que trocamos a fim de organizar o roteiro que faria.
Apesar de eu ter chegado em Bogotá à noite e já ter ido para um restaurante típico da cidade, no dia seguinte, segui para uma Colônia chamada Villa de Leyva, (Villa de Nuestra Señora Santa María de Leyva), onde eu confesso, ter sido o lugar que mais me encantou, de toda a viagem.
Fundada em 12 de junho de 1572, o principal motivo de sua fundação foi criar um local de reserva agrícola para os soldados que estavam desempregados após o fim de uma guerra de colonização. Por isso sua praça é a maior da Colômbia, com 14 mil metros quadrados, sendo uma das mais imponentes de toda a América Latina.
Considerada uma das maiores colônias de estrangeiros do mundo, com alemães, italianos, austríacos, franceses, americanos e outros, também é local de muitos artistas, como pintores, escultores, artistas de teatro, artesãos, que enriquecem a vida cultural da cidade.
Em Villa de Leyva se tem a possibilidade de mergulhar no passado, uma vez que várias mansões da Colônia foram convertidas em hotéis familiares, com corredores e pátios cheios de gerânios e buganvilles. Este encanto de cidade também possui a maior per capita por habitante em número de restaurantes e centros gastronômicos de toda a Colômbia.
A melhor das sensações, para mim, era ver as casas do lado de fora com seus muros brancos e ao adentrar uma pequena porta, descobrir que o local por dentro se abriria em algo muito maior do que se esperava e, inusitadamente, com outros muitos restaurantes, lojas e cafés. No melhor do estilo espanhol antigo, cada passagem por uma porta é uma aventura única.
Em Villa de Leyva eu comecei a perceber o quanto comer e beber na Colômbia é algo incrível, pois em qualquer lugar que eu fosse, a comida era deliciosa, assim como a bebida e os doces. Foi ali, naquela colônia, que eu tomei o melhor café de toda a minha vida!
De hábitos diurnos, a noite na Colômbia termina cedo, e aquela praça de 14 mil metros quadrados pareceu gigantesca para mim, em torno das duas horas da manhã, quando ela já estava praticamente desabitada. E os poucos que restavam insistiam em se aproximar e conversar.
Os colombianos me pareceram muito amáveis, gostam de bate-papo e prolongam bem uma conversa se recebem o mínimo de reciprocidade. Um pouco diferente dos brasileiros, não falam alto e são mais discretos.
Após minha maravilhosa estadia na Villa, segui para Laguna de Tota, o maior lago natural da Colômbia, com mais de 55 km quadrados, local de muitas aves, sendo algumas raras, a região é de extrema beleza e ponto turístico muito visitado. O frio não me permitiu curtir tanto assim. Vento e temperatura em torno dos quatro graus, a por mim almejada Playa Blanca ficou naquele momento a desejar.
No mais divertido estilo Thelma e Louise, cada estrada e povoado com a minha prima rendeu uma parada em algum lugar, um riso e uma história para contar. Por isso a companhia faz toda a diferença, porque não importa onde, a energia da amizade e cumplicidade estava ali, o tempo todo, comigo.
Quando de volta à Bogotá, alguns pontos realmente me chamaram a atenção. Os diversos museus no centro da cidade são gratuitos, promovendo assim a arte e a cultura, como todo país deveria fazer. As pessoas são gentis e educadas em todo lugar. E comer e beber na Colômbia é, de fato, algo único em cada lugar que se vai.
O bairro da Candelaria, primeiro do país, é onde se encontra o centro político, com mais de 500 instituições ou grupos artísticos, museus e centros de investigação ou de formação, além de teatros, bibliotecas e universidades.
O centro histórico de Bogotá, onde está a Praça Bolívar, lembra os centros históricos europeus. Lá estão o Capitólio Nacional (sede do Congresso da Colômbia), o Palácio da Justiça (casa do Supremo Tribunal), o Banco Central (Banco de la Republica), o Palácio Liévano (Prefeitura de Bogotá), a Catedral de Bogotá e o Palácio Presidencial (sede da Presidência da República), além de quase todos os prédios públicos da cidade e do país.
Apesar de ter conhecido muitos lugares, os quais nem todos citei, confesso que minhas maiores alegrias foram daquelas bem humanas mesmo: o comer, beber, conversar e muito rir!
E por isso continuo afirmando, que mais importante do que um bom roteiro, é a companhia que se escolhe para estar.
Ser quem se é, onde quer que seja, e se ser aceito, ainda é o fator mais acolhedor que conheço…
2 Comments
Soy un Colombiano que lee su columna. Aqui en Colombia somos calidos con el extranjero, especialmente con los Brasileños. Su experiencia en nuestro pais, nos alegra. Espero que vuelva a visitarnos. abz
Gracias FRancisco!!!!!!!!!!!!