Que a vida passa, não restam dúvidas. Tão depressa, que chega a ser cruel. O tempo que não para, nos tira qualquer possibilidade de voltar atrás e fazer diferente. O momento de raiva, que visto com calma, poderia ter sido evitado. Uma briga, uma palavra, ou ainda a falta de afeto, a ausência em momentos que deveriam ter sido de presença. O tempo é implacável. Ele simplesmente existe, poderoso e imbatível.
Não é fácil pensar na passagem da vida. Ainda que viver fosse como um jogo de videogame, como saberíamos se apagar um erro, também não nos tiraria a sabedoria advinda do mesmo?
Eu cometi milhares de erros. Escolhas sem conserto, outras com possibilidades. Passei por três universidades e ainda assim me formei no curso errado. Aprendi com pessoas, que sequer deveria ter me envolvido, tamanho sofrimento que me causaram. Mas tudo trouxe maturidade. Dor é uma das melhores professoras da vida. A detestamos, mas reconhecemos o seu valor de mestre doutora.
Não há como lutar contra o tempo. Num estalar de dedos ou num piscar de olhos, a vida passa. Para uns, mais rápido que outros. E não no sentido de anos vividos, mas tempo bem vivido. O que qualifica uma vida de verdade, não é a idade de alguém, mas como esta pessoa vive os seus dias. Se sorri ou se lamenta. Se luta ou se entrega. Se ama ou nem sente. E para tudo isso há de se aprender sozinho os momentos para cada atitude. Não é possível se sorrir a vida inteira, existem sim momentos há se lamentar, como a morte de uma criança. Ao mesmo tempo em que temos que lutar, também devemos saber dos momentos em que devemos desistir do que não vale a pena. E sobre amar? Ah… o amar… Amar é o essencial da vida, mas nem todos retribuem nosso amor, então também há de se saber o momento de ignorá-lo.
É…., viver não é fácil. A vida segue no “automático”. Não existe um botão de liga/desliga ou de pausa. Não existe botão nenhum. A gente vive e aprende na marra. Se se considera que deu certo ou não, aí entra a sabedoria. Toda vida tem sofrimento e aprendizado, mas toda vida também tem um amor, um sorriso, uma criança, um bichinho de estimação; coisas que alimentam a alma. Talvez a vida pudesse ser medida entre a quantidade de coisas boas e ruins que se tem, mas a verdade está em quem define essa quantidade: cada um de nós. Uma vez que muitas vezes uma mesma situação pode ser encarada de forma triste ou feliz.
A vida é essa caixinha de surpresas que está aí, nada está sob controle e ninguém sabe o dia de amanhã. Se se vive ou se morre. De repente chega um grande amor, de repente um grande amor se vai. Do nada sua jornada muda, do nada, você percebe que tudo sempre foi o mesmo. Um ganho, uma perda, alguém que nasce e outro que morre.
Entre as infinitas possibilidades de tudo que pode acontecer, carreguemos em nós mesmos o amor e a esperança. Eu fui surpreendida recentemente com muito amor, vendo em outros uma grande e inesperada mudança. Coisas que parecem impossíveis também podem acontecer, porque assim é a vida. Ninguém sabe, ninguém escreveu. A gente finge que escreve, quando no fundo no fundo, somos apenas a tinta da caneta desenhada pelas mãos de uma criança.
Entre a mistura do que se acredita ser destino e aquilo que conseguimos ser, que saibamos ser amor. Porque o amor é a única coisa que sentido dá à tudo que não tem explicação. Amor simplesmente é. Se sente. E de preferência: se vive!