Vivendo um momento desmotivado, até me obriguei a uma volta no parque. Sábado de sol, eu bem que merecia aquele momento. Mas é incrível como às vezes, a gente simplesmente “não vai” … Não há o que nos motive. Aí o negócio é se render. Se render ao instante e viver a tristeza necessária que for. Assim passa mais rápido.
Acabei à tarde de sol sobre o meu sofá, trabalhando no computador uma longa apresentação que se fazia necessária existir. Se tinha que viver meu momento de desânimo, então o viveria com classe. Me vesti adequadamente para tal: de pijama! Dois cobertores, laptop no colo, travesseiros e almofadas nas costas, coca-zero e uma bela porção que preparei pra mim mesma como uma verdadeira gourmet. E lá estavam elas: as dezenas de azeitonas, os pepinos azedos, salames e pedaços de queijo.
Durante algumas horas trabalhei naquele sofá. A apresentação terminou com 59 slides. E as horas consumiram pelo menos duas latas de refrigerante e o pote inteiro de azeitonas. Pobre pressão alta. Mas eu merecia aquilo…
O fato é que viver um momento desmotivado também tem o seu valor, o seu requinte. E porque não, os seus sistemas?
Entendi que mesmo sendo uma pessoa quase sempre positiva, também tinha o direito de me sentir mal, desanimada e pra baixo mesmo. Não queria ver ninguém, desejava meu silêncio. Me amolando, só permiti a chata da minha gata Emily, subindo no meu computador.
Me permiti o direito de ficar triste, de ficar só. De me enrolar num cobertor em pleno sábado à tarde de sol, onde todos pareciam correr para os parques, vivendo a alegria e a liberdade de seus finais de semana. E eles estão todos certos. Afinal, eu também sempre fui assim. Se alguém quisesse se esconder de mim num fim de semana, bastaria ficar em minha casa, pois lá seria supostamente o lugar, onde eu não estaria.
Mas ontem eu fiquei. E trabalhei. E no fim das contas, toda a tristeza e desmotivação que estava sentindo foram se transformando a cada azeitona que eu saboreava. O prazer era tanto que nem eu acreditava. Afinal, de que marca eram aquelas azeitonas? De que país? De que mundo? Pareciam mágicas…
Percebi que mágico foi o meu respeito pelo momento. O meu aceitar e entender o direito, que todos temos como seres humanos a um momento de solidão, de dor, de entrega. Ao se render e se entregar àquilo que tem de ser vivido, torna o instante mais curto, menos dolorido. Passa. Como deve ser.
Hoje é domingo e o sol continua brilhando lá fora. Algo mudou dentro de mim de ontem pra hoje. E não foi a minha pressão que subiu com o excesso de azeitonas, mas o ânimo do ser quem eu simplesmente sou. Hora feliz, hora triste. Hora correndo contra o tempo, hora a ele entregue.
Porque no fundo, o que importa, é o que nos faz feliz agora. Na maioria das vezes é um sorriso, um beijo, amigos, uma festa. Mas se em algum momento for uma mera porção de azeitonas…, meu amigo…, se entregue: coma a bendita porção de azeitonas. Porque a vida é feita de momentos que simplesmente tem de ser vividos, sejam eles quais for.
Amanhã o momento é outro!
2 Comments
Amanhã o momento será outro.
E aquele distante momento de 2015, há quase dois anos, certamente se esvaiu como fumaça a cada azeitona degustada.
Parabéns por dividir conosco momentos assim, como tantas outras coisas que tens nos dado de presente.
Linda sexta-feira de primavera – lá também era primavera – e que tenham um agradável fim de semana Carol.
😉
obrigada Jorge, por ser tao querido e tao presente. Bom fim de semana!