Quando o famoso Stephen Hawking publicou o seu livro “Uma breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros”, eu tinha apenas treze anos de idade. Sabia que o físico era conhecido por sua genialidade e superação, convivendo com sua terrível doença degenerativa. Mas até então, mais nada eu sabia sobre ele.
Ontem, quando tive o inenarrável prazer de assistir ao longametragem “A Teoria de tudo”, vi muito mais do que um físico famoso e um homem superdotado de inteligência, mas um ser humano com o melhor senso de humor, que já posso ter visto. Este foi o lado de Hawking que mais me surpreendeu.
A cinebiografia de Stephen começa na época em que conheceu e casou-se com sua primeira esposa e ainda estava na Universidade, com vinte e três anos de idade. Logo ele recebe a notícia de sua doença e sua expectativa de vida, que seria de apenas dois anos. Jane, sua então atual namorada, tinha todos os motivos do mundo para desistir do jovem. No entanto, ela se casa com ele, para aproveitar o tempo que lhes restam.
Apesar de o filme mostrar a trajetória de sucesso do protagonista como físico, o que mais chama a atenção é o lado humano de Stephen Hawking. O inglês parece nunca perder o bom humor: brinca com os filhos, correndo atrás deles com a cadeira de rodas. Ri de si mesmo ao ficar preso dentro de uma blusa, ao tentar vesti-la. Diverte-se ao ser colocado no colo de uma estátua, enquanto seu amigo busca sua cadeira de rodas na parte baixa de uma escada. E tantas outras situações, que ao mesmo tempo parecem ser hilárias, seriam consideradas trágicas pela maioria de nós.
O filme remete a profundas e intensas reflexões e sentimentos. O amor de Jane por Stephen, que é maior do que a doença cruel e incurável, que ambos enfrentam. A situação financeira do casal, que não lhes permitia facilidades como uma enfermeira ou uma empregada doméstica. A época em que eles vivenciaram a experiência, ainda sem toda a tecnologia de agora. Mediante tantas dificuldades, dores e aumento constante de suas limitações físicas, o humor de Hawking parece refletir gratidão pela sua vida.
Acredito que muitos, que veem o filme, se imaginam no lugar de Hawking, e não conseguem deixar de sentir a sua força indiscutível como ser humano. Uma vez que a maioria de nós sofre constantemente, pelas gordurinhas a mais, pela pele judiada com o tempo, pelo cabelo que se perdeu e pela vivacidade que se vai a cada dia, a história real de Hawking nos escancara, o quanto essas exigências sobre nós mesmos são extremamente banais e desnecessárias.
Refletimos ainda sobre o quanto pode ser grande e sincero um amor: o de Hawking por ele mesmo, e o de sua primeira esposa por ele. E quando se pensa: “Uau, que sorte a dele ter tido uma mulher, que aceitasse suas condições”, ainda surge outra, anos depois, que se apaixona por sua genialidade e humor.
Não tenho dúvidas, de que para os físicos e matemáticos, a história e teorias de Hawking sejam mais do que sensacionais. Mas para mim, o que fica é sua lição de vida sobre o humor que mantém. Enquanto todos nos irritamos com tão pouco, como o trânsito de cada dia, o gênio tira sarro de si mesmo, por ter que dirigir sua cadeira de rodas, já com todas as dificuldades que possui, após beber uma garrafa de cerveja.
O ator Eddie Redmayne, que interpreta o protagonista, é fantástico e absurdamente convincente. Felicity Jones, como Jane Hawking e maravihoso elenco. Há ainda a maturidade do casal, ao lidar com as demais pessoas que surgem entre suas histórias amorosas. Faz todo ingresso valer a pena!
Hawking ainda procura a solução para sua Teoria de tudo.
Mas na prática já descobriu muito mais do que o resto da humanidade: amor e gratidão!