Nós, seres humanos, vivemos uma contradição constante em nossas vidas: se por um lado fazemos tudo, conscientes ou não, para nunca sair da chamada “Zona de Conforto”, por outro lado, desejamos viver da melhor forma possível. E querendo ou não, isso significa: viver intensamente.
Assim como uma rua movimentada é um sobe e desce constante, a vida também acontece. Um momento bom, seguido de outro ruim, numa dança que não cessa, até o dia do último suspiro.
Numa determinada época em que fazia terapia, disse ao meu terapeuta: “Eu me sinto confusa quando venho aqui, porque mesmo que seja uma vez por semana, parece que toda semana a minha vida muda…”. E ele me respondeu: “Sinal de que você está no caminho certo. Uma vida em abundância significa uma vida em movimento, acontecimentos e mudanças!”.
Enquanto a maioria de nós teme o mudar e se estabiliza na sua ilusória “Zona de conforto”, outros sabem que é no arriscar e tentar todas as apostas que a vida acontece. Por exemplo: tem gente que nunca começa um curso, seja do que for: de violão, de graduação ou de artes, por medo de não concluir, não gostar ou gastar dinheiro à toa. Já outras pessoas começam dez cursos e não concluem a maioria deles. Terá sido mesmo tempo e vida em vão? Dinheiro jogado fora?
Vida não dá para ser planejada como num currículo escolar. Nós não estamos realmente à frente de nós mesmos, como gostaríamos de estar. Desejamos muito e vivemos o que dá, o que a vida oferece e realmente nos permite fazer. Porém, entre uma tentativa e outra, conhecemos pessoas, lugares, culturas, conhecimentos e muito mais do que isso: conhecemos a nós mesmos em cada uma dessas novas experiências. E o que mais acaba valendo a pena não é o violão que aprendemos a tocar, a arte ou o novo ensinamento que obtivemos, mas as pessoas que cruzaram nossos caminhos nesse meio tempo e tudo o que vivenciamos como nós mesmos.
Vida é muito mais do que o levantar de manhã, trabalhar o dia inteiro e torcer pelo final de semana chegar. Vida é muito mais do que o alívio de ter todas as contas pagas no fim do mês e um único período de férias no ano. Vida é o permitir-se se surpreender. O experimentar aquilo que não se conhece. Conhecer o outro sem pré-julgamentos. E a aceitação das dores que a vida trás, sem o eterno lamento.
Fico feliz em ter entendido o que meu terapeuta quis dizer. Eu finalmente entrei no melhor ritmo de minha vida. Trabalhos, estudos, pessoas e lugares que não param de chegar, simplesmente porque aceitei as mudanças e também os nãos que a vida antes me jogou na cara.
Hoje, cada semana continua sendo diferente uma da outra, me dificultando a memória de tudo aquilo que acontece. Me deixando cada vez mais incerta sobre o que será o dia de amanhã. Se toda semana muda, o que será no ano que vem? Não sei. Entendi que entrei no ritmo certo, na verdadeira onda e barato da vida, de um seguir sem cessar. Há os que nela param, na errônea nomeada “Zona de conforto”.
Se existisse um termômetro para qualidade de vida, acredito que seria a medida dos movimentos dela!
Vida é movimento! Uma hora aqui, a seguinte ali. Uma pessoa nova hoje, outra amanhã. Não significa deixar ninguém para trás, mas sempre seguir em frente! Subindo e descendo, conforme o bailar da vida de cada um.
Vale acertar o passo!