Não tenho o menor receio em comparar a vida a um jogo de videogame. Quando penso no velho “Mario”, acho que a vida é bem parecida. As primeiras fases são prazerosas, demora-se um pouco a pegar o jeito e se acostumar com os constantes movimentos que se deve fazer, para se manter vivo. Já viu videogame parado? Algumas fases demoram, e a cada fase que se passa, o jogo vai ficando mais difícil.
Por algum motivo, algumas fases parecem ser mais fáceis. Há fases parecidas, em que se torna apenas mais acelerada, e o cenário é quase o mesmo. Outras fases parecem tão absurdas, que nem mesmo o videogame as repete.
Será que os joguinhos de videogame foram baseados na vida real? Movimentos constantes, repetições, cenários motivadores, personagens bonitinhos e monstros que querem nos destruir? Será qualquer semelhança mera coincidência?
Eu já parei de jogar videogame há tempo, já que a vida real assim não mais me permitiu, embora eu achasse bem divertido. E a vida fora das telas não deixou de fazer a sua vez: fases que alternam entre problemas profissionais, amorosos, familiares e tantos outros. Um dia falta dinheiro, outro dia falta amor, no outro um ombro amigo. Tem dia que falta tempo, tem dia que sobra. Noutro dia faz parte a solidão, tem dia que tem multidão. E assim a vida passa.
Entre um problema e outro, raros momentos de plenitude e perfeita alegria. Nós, seres humanos, é que temos de aprender o equilíbrio dessa corda bamba chamada vida.
Entre o nascer, crescer e morrer, bem como o estudar, trabalhar e se aposentar, temos que aprender a ressignificar a vida. Por vezes, seguimos no modo automático, como se certas coisas tivessem o significado de viver, quando na verdade não tem. Vivemos para o trabalho, para pagar as contas, para dormir cedo e acordar no dia seguinte para a repetição de tudo o que já foi a semana inteira, no mês e no ano passado.
Há de se compreender que o riso deve fazer parte entre um problema e outro. O abraço de um amigo deve estar lá, entre o chute na bunda de um e mais um relacionamento que não deu certo. A conversa com pai e mãe deve se fazer presente entre uma decepção e outra. O desabafo entre um temor e outro.
A vida é isso aí sim: uma sequência de problemas sem fim e que se torna cada dia mais trabalhosa. E faz sentido viver assim? Faz, quando se acrescenta à vida os ingredientes que a tornam significativa: amor, amizade, honestidade, vontade, família, amigos, esperança e autoconhecimento.
Quanto mais conheço a mim mesma, mais capacidade eu terei de tornar as minhas fases prazerosas, paro de me importar com os monstros à minha volta e percebo que eles ficam longe com mais facilidade. Foco nas partes que gosto e deixo realmente para trás o que já foi. Presto atenção no momento real para não perder a vida de bobeira.
A diferença entre o jogo e a vida real é que a vida de verdade a gente perde. E uma única vez. No jogo, basta apertar o “play” e joga-se mais uma vez, e morre-se quantas vezes tiver vontade.
Vida é uma só, e o seu princípio é simples: movimento sempre. Foco no presente.
Fuja da morte. E acumule cada vez mais pontos (conhecimento, força e amor) ganhando cada vez mais vida!
O jogo da vida é único. E não se repete.