Palavra da moda em redes sociais, autenticidade não é de verdade para muitos. Ou se tem ou não. Não existe meio-termo. Se é autêntico ou não é. E acostume-se com isto. Até porque, não há obrigação de ser. Cada um é o que é. E o que se quer. Ao menos é assim que deveria ser.
Na sociedade em que vivemos, ainda engatinhamos lentamente para um mundo onde cada um é aceito do seu jeito. Justamente por isso, pelo excesso de preconceitos aos quais estamos acostumados a conviver desde sempre, é que a maioria das pessoas acaba por tentar se encaixar nos maiores grupos do que em si mesmas.
Se na escola todos usam roupa verde e tênis azul, é natural que a maioria dos adolescentes deseje usar as mesmas cores de vestimenta e sapatos. Se um deles chega de laranja e roxo, logo deverá ser excluído e ou enxovalhado pela maioria. Há de se ter muita personalidade para permanecer fora do grupo neste quesito e ainda não se incomodar com as críticas e gozações.
Mas este exemplo não serve apenas para a vida infantil ou adolescente. Na vida adulta também é assim. Se a maioria critica uma determinada atitude ou pessoa, acaba sendo natural que a maioria se adeque àquela questão. Muitas vezes até de forma inconsciente, quando o medo de ser diferente ou de não ser aceito é maior do que a noção de identidade própria, de quem se é de verdade.
Ser autêntico nem sempre é ser diferente. Ser autêntico é ser quem se é, não importa onde e nem quando. Se gosto de ficar em casa lendo livros enquanto todos os meus amigos saem para balada, então fico em casa e não me importo com o que os meus amigos fazem. Se todos bebem e eu não, então não bebo. Se tenho cabelos cacheados e não quero fazer progressiva, não faço porque todas as minhas amigas fazem. E assim por diante.
Deveríamos viver numa sociedade onde todos se aceitam como são, mas isto está absurdamente longe de ser verdade. No mundo real somos julgados o tempo todo: pela roupa, pela aparência, pelos costumes, comportamento, poder aquisitivo, nível intelectual e gostos pessoais como time de futebol, músicas e livros preferidos.
Não é certo afirmar que todos somos obrigados a gostar do que os outros gostam. Para esta questão falaríamos de afinidade. Não gosto de futebol, mas respeito quem gosta. Mas também não me sinto obrigada a participar de fã-clube algum para não ser chamada de intolerante. Há de se ajustar os parâmetros entre aceitar o que não gosto e me permitir a falta de afinidade com tal assunto.
Autenticidade é simplesmente o fato de conhecer a si próprio, aceitar quem se é e agir de tal maneira com quem quer que seja e seja onde for. Numa sociedade de alto índice de intolerância, ser autêntico é quase que um ato revolucionário. Por mais “certinho” que se seja, sempre haverá alguém a criticar. E vice-versa. Nunca existirá uma situação ou alguém que jamais seja criticado ou julgado.
Dentre tantos que nos apontarão o dedo sem o mínimo de piedade e consideração, vale lembrar que agradar a si mesmo é o que importa para uma sincera realização pessoal.
Autenticidade, num mundo onde a maioria age como juíz, não é apenas um ato de coragem, mas de liberdade e profundo amor-próprio.