Véspera de feriado, me peguei com o desejo de me permitir algum excesso. Certa do meu merecimento, cogitei comigo mesma a ideia de um hotel fazenda ou uma viagem qualquer.
Quando menciono a palavra extravagância, primeiro, me refiro a algo de valor monetário. Todas nós, mulheres, sabemos a delícia que é se dar ao luxo de uma ida ao shopping sem grande limite de presentes: uma roupa, um sapato, um perfume, uma joia. Um fim de semana que sacie os caprichos de uma mulher.
Mas neste caso eu desejei mais do que um dia de compras. Desejei também um momento, uma surpresa, que já seria um tipo de excesso bem diferente.
Certa de que, fosse o que fosse, acabaria sendo bom, disse a mim mesma que aceitaria o que viesse. Se eu não sabia que extravagâncias tanto faria, deixei que a vida escolhesse algumas por mim.
Decidi que não recusaria nenhum convite. Faria tudo que me desse vontade.
Alguns atos foram mesmo extravagantes. Outros, incontáveis. Em quatro dias eu dormi como sempre deveria: bem. Comi e bebi lentamente, deliciando cada momento. Ao meu corpo: uma massagem. Além de um passeio no shopping de acordo com meus caprichos. E me encontrei com novos e velhos amigos. Essas foram extravagâncias minhas.
Mas o capricho que a vida me deu foi bem maior. Alguém inesperado e de forma mais inesperada ainda.
Como num filme, percebi que eu e a vida somos mesmo os roteiristas. Eu escrevo uma parte e me responsabilizo por ela. A outra, eu manifesto meu desejo pra vida, que por sua vez me retribui atendendo meus anseios.
E apesar de responder aos meus desejos, não se trata de um desejo imediato, aquele último pensado, mas sempre um, que está lá, constantemente a minha espreita.
Ah, essa vida… Nada lhe escapa.
Percebi que melhor do que uma extravagância financeira é uma extravagância de momentos. Daquelas riquezas, que realmente tornam a vida farta.
Porque pra mim, luxo mesmo é uma varanda em meio à natureza, numa tarde de chuva, deitada em uma rede com um grande amor.
Isso sim é extravagância.
Extravagância de vida!