Depois de perder a oportunidade de ver o filme tão comentado acima e perceber que ele saiu de cartaz em todos os cinemas da cidade, não poderia perder a chance de assistir o mesmo, numa nova apresentação em um único cinema de Curitiba. Eu e menos de dez pessoas fomos os telespectadores de uma das únicas sessões de domingo.
O filme nacional mostra a história de um adolescente cego e todo o ambiente em torno dele: a família, a escola, a melhor amiga e principalmente as dificuldades. Não tanto pela deficiência visual, mas pela falta de naturalidade das pessoas em relação ao personagem principal. Leonardo tem ânsia de viver, mas é limitado pela sua falta de visão e principalmente pelo medo da mãe, que tenta superprotegê-lo a todo custo.
O filme é leve, tem um ritmo gostoso e se desenrola com naturalidade. Leonardo está sempre com sua melhor amiga, Giovana, que assim como Léo, também sonha com um grande e verdadeiro amor. Existe cumplicidade e afinidade entre os dois, mostrando a amizade verdadeira que pode sim, existir entre um homem e uma mulher. Giovana protege Leonardo das hostilidades que ele sofre de alguns colegas na escola.
Com o tempo, mais um personagem aparece na vida deste casal de amigos: Gabriel. Gabriel também é adolescente e chama atenção das meninas por sua aparência. Imediatamente Gabriel se enturma com Leonardo e Giovana, com o tempo criando ciúmes em Giovana, que se sente deixada de lado em nome da nova amizade dos dois rapazes.
Acontecimentos do cotidiano adolescente são o pano de fundo para o desenvolvimento da história: o ambiente escolar, festinha na casa de colegas, acampamento, cinema, etc. Entre uma coisa e outra, os personagens vão se apresentando de forma convincente aos telespectadores.
Leonardo se sente sozinho, deslocado e não aceito. Ele não é diferente apenas, mas se sente diferente. Sufocado pela proteção e medo da mãe, sonha morar fora do país. Gabriel entra em sua vida dando a ele um pouco da liberdade que ele nunca teve: sair de madrugada escondido para “ver” um eclipse, por exemplo. Numa cena lindíssima, onde se vê a confiança entre os jovens, quando Leo vai em pé, atrás, na bicicleta guiada por Gabriel.
Carinho, confiança e desejo começam a surgir devagar entre Leonardo e Gabriel. Não existe malícia, maldade ou pura paixão. Antes de tudo eles se tornam amigos, cuidam um do outro. Da forma mais bonita possível, os meninos descobrem o amor entre eles. Até mesmo para os mais homofóbicos, acredito que o filme seja um tapa na cara dos que não entendem esse tipo de amor.
Num dos romances mais lindos e leves que já assisti até hoje, “Hoje eu quero voltar sozinho”, mostra como o amor pode literalmente se tornar os olhos de alguém. O amor que dá sentido a uma vida que até então, não conhecia sentido nenhum.
Lindo, leve e perfeito, como o amor!