Ontem à tarde passei por uma situação que deveria considerar comum aqui em Curitiba, mas foi no mínimo estranha e surpreendente. Dirigindo numa rotatória e ao mesmo tempo olhando no meu GPS, um carro disparou sua buzina contra mim, creio que quase colidindo com meu carro. Por motivos muito bons eu estava tão calma que nem me abalei, continuei em frente. O senhor que estava dirigindo o outro carro fez questão de em seguida, emparelhar seu carro junto ao meu e abaixar seu vidro, pronto para disparar sua agressividade contra mim.
Confesso que até eu mesma me surpreendi com toda a calma que veio em minhas respostas. Antes de qualquer coisa que ele pudesse me dizer, eu disparei:
_” Desculpe, senhor”.
_” Menina, você me fechou e eu quase bati meu carro por sua causa. E você ainda está mexendo no celular.”, ele disse de forma bem agressiva e falou mais coisas que não me lembro.
Eu levantei meu GPS mostrando a ele o que era realmente e respondi:
_” Me desculpe, mas eu estava na rotatória antes do senhor e a preferencial é de quem já está na rotatória, o senhor é quem tinha que ter esperado. Acho que o senhor está sendo grosseiro sem necessidade. E como o senhor já viu, eu não estava no celular, mas apenas olhando meu GPS”.
O senhor visivelmente ficou envergonhado e surpreso. Acho que ele realmente percebeu que estava errado em relação às regras de trânsito, mas ainda assim usou seus argumentos novamente. E eu mais uma vez, bem calma, respondi:
_ “Me desculpe pela minha parte. Me desculpe ter causado qualquer coisa para o senhor”.
Quando então ele deu um sorriso, que me fez ter vontade de dar uma gargalhada, parar o carro e lhe dar um abraço, mas devido a rapidez que se é no trânsito eu simplesmente disse:
_” Nada como um sorriso…, obrigada!”, e eu sorri abertamente olhando para o seu semblante agora renovado.
O homem manteve o sorriso escancarado, disse umas três vezes obrigado e saiu dirigindo à minha frente.
Sinceramente o fato não mudou o meu dia, porque eu já estava calma e feliz antes do ocorrido, mas tenho quase certeza que mudou o rumo daquele senhor.
O que me fez refletir bastante o acontecimento foi a reação que eu tive mediante uma atitude agressiva. Se naquele momento eu estivesse estressada, acho que teria rolado uma boa briga, porque o senhor estava mesmo disposto à uma. Independente de trânsito, da mesma forma que hoje aprendemos a dirigir de forma defensiva, acredito que temos que aprender a viver de forma defensiva, não para evitar os erros dos outros, mas para evitarmos nós mesmos de sermos atingidos pela agressividade e irritação alheia.
Conhece aquela pequena historinha?
“O chefe dá uma bronca no funcionário. O funcionário vai embora, chega em casa e briga com a esposa. A esposa é rude com o filho, que dá um chute no gato. Quando tudo poderia ter sido assim: o chefe faz uma crítica construtiva ao funcionário. O funcionário vai embora, chega em casa e conta alegre para a esposa as ideias que teve mediante à dica do chefe. A esposa dá um beijo no filho, que dá um pires de leite para o gato”.
Muitas vezes mantermos o próprio equilíbrio já é algo difícil, pois todos temos problemas. Um dia melhor, outro nem tanto. Mas alegria e irritação são ambos contagiosos e entram numa cadeia que influencia até mesmo o “gato”.
Seja na sua “cadeia” o sorriso que vai se tornar o leitinho do bichano!
Sem mais.