O filme de 2013, Mary e Martha, com Hilary Swank e Brenda Blethyn, respectivamente, conta a história de duas mães que perderam seus filhos para a malária na África do Sul. Duas mulheres desconhecidas e bem diferentes que se unem na dor.
Mary é americana, rica e mãe superprotetora. Seu filho de dez anos está sofrendo bullying na escola e ela decide, ela mesma ensinar seu filho o que se aprende no colégio. Eles viajam para a África do Sul para uma estadia de seis meses com aulas práticas e reais.
Martha é uma senhora inglesa que quase não sai de casa, bem como seu marido. Ambos tem um filho de vinte e poucos anos de idade, que é muito alegre e altruísta. Ele vai para a África do Sul para trabalhar como voluntário numa escola.
Tudo vai bem, até que o filho de Mary é acometido pela malária e morre em sua frente na emergência de um hospital. Mary volta para casa nos Estados Unidos acompanhada agora do marido e do caixão de seu filho. Perdida em sua dor, pouco depois Mary resolve voltar para a África. Lá ela encontra pela primeira vez Martha, que também perdeu seu filho recentemente e foi em busca do lugar que o filho tanto amava.
A dor da perda de um filho une essas duas mães tão distintas imediatamente, mas conforme o tempo passa, os laços dessa união se estreitam. Na busca de um remédio para sua própria dor, ambas encontram na luta contra a malária, a chance de salvar outras crianças, como não conseguiram salvar as suas.
O número de mortos pela malária mostrado no filme de forma comparativa, e especialmente de crianças, é algo surpreendente. E com o desenrolar dos fatos, o que une essas duas mães, deixa de ser apenas a sua dor, mas toda a causa que ela gera para salvar outros milhares de pessoas.
Outro ponto delicado muito apropriadamente abordado na narração, é a própria história que Mary carrega. Seu pai, um homem rico e bem sucedido político, sempre deixou a vida familiar em segundo plano, em nome de sua vida profissional. O filme mostra que a superproteção que Mary possuía em relação ao filho, vinha justamente da negligência sentida pelo pai. Fatos que todo ser humano carrega uma vida inteira, e que sempre, querendo ou não, acaba-se transmitindo de geração em geração.
Mary e Martha é um filme de intensa delicadeza e sensibilidade. Não é apenas uma história triste, de reflexão e superação. Além de ser tudo isso, é uma prova de como qualquer vida ordinária torna-se extraordinária quando se mudam os propósitos, quando se encontra um novo ponto de vista e foco, advindo do amor mais libertador que existe: o amor ao próximo sem necessidade de recompensa!
Mary e Martha é um filme que mostra na prática o que é a mudança de nível de consciência, algo tão se falado hoje em dia. Muitos estão em busca de um nível mais elevado de consciência. E como no filme, há os que nem pensam nisso, mas a vida lhes incumbe tal elevação.
Mais do que recomendado.
Uma lição de casa!