Prepare-se para muita luz nessa quarentena!
Fã de cinema e da riqueza de detalhes que bons filmes podem proporcionar, tudo me chama a atenção: fotografia, trilha sonora, figurino, locações e principalmente o roteiro. Uma história bem contada e com cenas bem conectadas faz toda a diferença. Este foi o caso, para mim, do filme “O céu é de verdade” de 2014, baseado em uma história real.
“O céu é de verdade” é a história de um menino de quatro anos de idade, que passa por uma situação de quase morte. Apesar de ele ter poucas falas durante o longa, a sua experiência é o tema principal da trama. Filho de um pastor evangélico, Todd Burpo (Greg Kinnear) e uma dona-de-casa, Sonja Burpo (Kelly Reilly), o menino Colton (Connor Corum) também tem uma irmã um pouco mais velha do que ele.
A narração começa mostrando o dia-a-dia do casal e seus filhos, que vivem em função da própria família, do trabalho e da igreja. Mostra-se uma dificuldade financeira (muito diferente do que no Brasil denominamos como crise), seguida de problemas de saúde: primeiro do pastor, em seguida dos dois filhos. Se agravando posteriormente no caso de Colton.
O garoto é operado e sobrevive. Conforme o tempo passa, Colton “solta” entre um diálogo e outro, experiências que teve no céu. Próprio para uma criança de sua idade, ele não está apto para narrar o que realmente aconteceu com ele. Devido à toda sua inocência e falta de experiência e malícia para inventar aquelas histórias, seu pai fica profundamente intrigado com seus relatos.
Colton afirma que anjos cantaram para ele. Quando o pai pergunta quando isso aconteceu, o menino diz que ocorreu no momento em que estava na mesa de cirurgia, ao mesmo tempo em que sua mãe estava numa sala falando ao celular e seu pai estava em outra sala “brigando” com Deus. Fatos que realmente aconteceram.
A mãe de Colton e a igreja liderada pelo pastor, relutam em dar ouvidos às histórias do menino, tidas pela mãe como fantasias de criança. O pastor entra em crise. Em seguida seu casamento é levemente afetado por todos os acontecimentos em torno do filho. Conforme a história se desenrola, novos e interessantes fatos sobre o céu são revelados por Colton: ele visitou parentes mortos no céu e conheceu Jesus.
Imagino que o filme teve os evangélicos como seu público alvo. Mas independente de religião, acredito que o longa pode ser emocionante para qualquer pessoa; a não ser que se trate de alguém radicalmente descrente ou fanático religioso. O filme é delicado, leve e tem fotografias lindas em boa parte do enredo.
É retratado o ponto de vista de um pai que tenta acreditar em seu filho, mesmo quando isto significa ir contra tudo aquilo em que ele acredita. Existe uma crise existencial que acompanha a história de Todd e seu filho.
A relação pai e filho é trazida como reflexão no filme, bem como a ideia de que numa experiência de quase morte, cada um vivencia aquilo que conhece e ou acredita.
Num desenrolar calmo, “O céu é de verdade” traz um afago à alma; uma ideia suave sobre as respostas às tantas perguntas que temos, e que verdadeiramente todos sabemos: de verdade, ninguém sabe!