Seis pacientes com TOC (Transtorno obsessivo compulsivo), um único agendamento e um médico que não chega. Este é o início de uma comédia espanhola inteligente e muito bem-sucedida no sentido de fazer rir.
Com distintas variações do transtorno, os seis pacientes chamam a atenção por suas peculiaridades.
Federico sofre da Síndrome de Tourette, o que o faz piscar os olhos, falar palavrões e obscenidades, involuntariamente. A atuação do ator Oscar Martínez é sensacional e hilária, e se torna impossível não rir, a cada vez que ele xinga uma mulher na rua ou manifesta um desejo pornográfico em relação a mesma.
Emílio é um taxista que faz cálculos incessantemente. Um gênio matemático que passa o tempo todo calculando os minutos, segundos ou o número de todas as coisas do seu dia-a-dia, mas que não tem importância alguma para ninguém. Além de ser um terrível acumulador.
Ana Maria é uma senhora que confere seus atos diários repetidamente, como: onde está a chave de sua casa, será que ela apagou as luzes antes de sair, fechou as janelas, trancou a porta? Ela não consegue ter uma vida normal, pois passa o tempo todo checando pequenas coisas, inúmeras vezes, além de fazer o sinal da cruz sobre seu rosto, ainda por mais vezes do que o número de checagens que faz.
Otto tem fixação por simetria. Se houver algo assimétrico, ele organizará com simetria, além de nunca pisar em uma superfície onde haja listras.
Blanca é uma mulher com mania de limpeza. Tem a bolsa cheia de produtos higiênicos e lava as mãos compulsivamente, tentando eliminar qualquer possibilidade de germes, micróbios, vírus ou bactérias.
Lili é uma jovem que repete tudo o que fala duas vezes, além de por vezes repetir a última sílaba de uma frase falada, também por vezes.
Esses hilários pacientes e seus sintomas passam o filme todo numa sala de espera, aguardando que o médico chegue de seu suposto voo em atraso, a tempo de atender um por um, que por um erro de aplicativo, estão agendados no mesmo horário.
A espera acaba se tornando uma espécie de terapia em grupo, onde cada um fala sobre si mesmo e o tormento dos sintomas que carregam. Há flashbacks da vida dos personagens enquanto a empatia entre eles e com o próprio telespectador aumenta a cada minuto que passa.
Numa sucessão de cenas hilárias, os pacientes confrontam os sintomas um dos outros, ao mesmo tempo em que tentam respeitar os mesmos, partindo do princípio de que todos precisam de ajuda e respeito.
O tema do TOC foi tratado com respeito neste filme, que foi uma adaptação de peça teatral, mostrando com sensibilidade o que essas pessoas deixam de viver, por conta do transtorno. Não há escárnio e nem deboche sobre o tema, mas ainda aponta um caminho e solução para uma vida melhor de quem vive esse sofrimento.
Uma união absolutamente rara de inteligência e humor.