Sábado de manhã e eu já comecei a me sentir feliz por perceber que havia acordado às oito e meia da manhã. De alguma forma, eu havia dormido bem… A revolta pela falta de sol tão esperada no fim de semana, deu lugar à alegria de sentir o vento fresco no rosto e o “nada para fazer”. A fome chegou e eu resolvi sentir a brisa mais de perto, indo a pé para um café-da-manhã na padaria.
Eu nunca tinha sentado aqui antes. A parede de pedra me chamou a atenção de forma positiva. A TV ligada passou pela minha percepção como algo bem desnecessário. Mas num dia como este nada vai me incomodar. Com cerca de dez pessoas à minha volta, comendo, bebendo e conversando, me penalizo pelas atendentes que tem de trabalhar nesta manhã, mas fico feliz por perceber seus sorrisos em seus rostos.
Faltam doze dias para o Natal. Com todos os presentes comprados, estou em contagem regressiva para as férias. Quatorze dias só pra mim. Sem despertador e o levantar correndo, sempre derrubando coisas pelo caminho. O ano foi realmente difícil. Dificuldades de várias ordens e novidades em minha vida. Sonhos que aconteceram, outros que não deram as caras. A saudade do filho que ficou ausente e as constantes incertezas do amanhã. A maior lição que levo de dois mil e quatorze é que dificuldade não tem que ser encarada com tristeza, pois com todas elas, eu ainda fui muito feliz.
Percebo que finalmente deixei a revolta para trás. Não foi algo apenas de agora. Mas neste ano, vi que ela realmente se foi. Enfim entendi que o aceitar aquilo que é imutável, torna a vida mais leve. Tantas coisas ruins ficaram para trás. Acho que foi um ano de mudanças radicais. Não mudei de trabalho, de faculdade e nem de casa, mas mudei por dentro. Uma reforma radical em mim, operada pela vida e acúmulo dos anos vivenciados. Maturidade que me permite ver a riqueza de um dia como este.
Eu não sei como será dois mil e quinze. Se o trabalho será o mesmo, se conseguirei concluir a pós-graduação e se publicarei novos livros. Não sei se meu filho estará por perto, nem se realizarei meus sonhos. Já compreendi que na vida tudo é uma surpresa. Não há controle, apenas a ilusão de se ter a vida no comando, a qual nos apegamos quase que a vida toda. Até um certo momento, quando enfim nos libertamos de tal inverdade e aceitamos a realidade da vida: o que tiver de ser, será!
Aceitar esse descontrole também nos permite manter o foco. Saber o que se deseja é fundamental, algo também adquirido com o tempo. Se há um tempo atrás, eu me sentia feliz por saber o que não queria, hoje é a realização, saber o que quero e o que não quero. O saber quem somos, o que queremos, o que aceitamos e o que repelimos, nos coloca em foco de nós mesmos e de nossos desejos, de uma forma, que a permanência nos trilhos se torna automática.
É… viver é mesmo uma escola. Tem dias que realmente não são fáceis. Entre uma dificuldade e a próxima, existe o sorriso do outro que nos cativa, dessa gente linda que rodeia o nosso caminhar.
Este foi o meu primeiro café na padaria perto de casa. Não sei se haverá o próximo. Mas por todas essas sensações que ele me trouxe, já se tornou único como este dia, que nunca mais irá voltar.
Aliás, falando a verdade, eu nem tomei café…, foi Coca-Cola mesmo…
Bom dia!
2 Comments
Aqui é a Vânia Gonçalves, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.
Obrigada Vania!!!!! SEja muito bem vinda! Obrigada por compartilhar sua opinião, fico feliz!