Um dos últimos bairros a ser urbanizado em São Paulo e também considerado um dos mais chiques, é onde reside grande parte das pessoas de maior poder aquisitivo da cidade. Por outro lado, também representa o local onde se percebe claramente que dinheiro nem sempre tem a ver com educação, classe, gentileza ou respeito ao próximo.
Andar pelas ruas do bairro Morumbi chega a ser desgastante, considerando quem o faz por saúde e lazer. Diariamente há de se desviar das inúmeras fezes de cocôs de cachorro das pessoas de classe alta. Classe? Poucos são os que andam com a sacolinha plástica na mão e se mostram dispostos a abaixar e retirar os detritos de seus cães. Felizmente há alguns, mas são raros.
Segundo a Lei Municipal de São Paulo, Nº 13.131, de 18 de maio de 2001, Art. 16º: “O condutor de um animal fica obrigado a recolher os dejetos fecais eliminados pelo mesmo em vias e logradouros públicos”. Porém, num país onde não se tem policiais o suficiente nem para defender os cidadãos mais necessitados, creio que fica difícil vigiar os cãezinhos do bairro chique. Somado à falta de educação e preocupação com as doenças que isso pode causar, o Morumbi vai se transformado num sanitário a céu aberto.
Sobra para os varredores de condomínios limpar o que dá, embora o cheiro persista na maioria das vezes. E não há quem dê conta. No dia seguinte, começa tudo de novo.
O muro do condomínio onde moro está quase sempre molhado, em cerca de dois em dois metros, por urina de cachorros. A gente fina do condomínio da frente sai para passear com os cãezinhos, atravessando a rua e fazendo a gentileza de não sujar o próprio muro. Olha que gente educada!
Infelizmente chega a ser cansativo o número de moradores sujando o belo bairro Morumbi com seus cãezinhos de raças, noite e dia, dia e noite, todos os dias. Este comportamento de nenhuma educação e respeito me faz refletir que por vezes, quem é servido por motoristas, empregadas domésticas, faxineiras, porteiros e outros, acredita que pode tudo. Este é um dos bons sentidos da palavra desservir: os que se acostumaram com o “ser servido”, acreditam que não tem responsabilidade alguma ou qualquer dever para com o próximo ou para com a sociedade onde vivem.
Sabe aquele tipo de pessoa que maltrata o pessoal da limpeza? O porteiro do prédio ou a recepcionista onde trabalha? Tenho para mim que alguns são os mesmos que creem não ter responsabilidade pelos cocôs de seus cachorros. Eles imaginam que sempre haverá alguém para limpar a sua própria sujeira, como um cigarro no chão, um papel jogado pela janela do carro e assim por diante.
Se tivéssemos a chance de transformar o Brasil numa Alemanha, os moradores do Morumbi pagariam cerca de 35 euros (hoje cerca de cento e cinquenta reais), a cada vez que cometessem essa infração. E a prefeitura de São Paulo arrecadaria horrores se pudesse manter guarda com esta função.
Fato é que tem gente de alta classe mais preocupada em não ter a vista da janela para a favela, do que perceber a própria responsabilidade com o meio em que habita. Se bobear, é capaz de jogar a culpa da sujeira nos pobres vizinhos: ou a fizeram, ou não a limparam. Tamanha hipocrisia.
No fim, infelizmente, tem um tipo de gente que é cocô mesmo.
E o Morumbi fica com os seus de estimação.
Nos dois sentidos.
2 Comments
Sim, o dono do animal, deve ter o senso da moral e responsabilidade social, no que tange a limpeza das calçadas e vias públicas, não adianta o volume de dinheiro na carteira e ser mediocremente pobre na questão da educação.
É isso aí saudoso vizinho. Obrigada Paulinho! Bj