Sem muito remorso pela falta de mensagens de natal, fim de ano e até mesmo os meus vários textos semanais, resolvi voltar. Após uma pausa forçada e duas semanas de férias meio monótonas, eu confesso que voltei outra. Outra pessoa, outra mulher, outra escritora. Sabe aquela brincadeirinha: “Sai deste corpo, que não lhe pertence?”.
Afinal, o que pode ter acontecido apenas em duas semanas a ponto de mudar uma pessoa? O descanso? O novo ano? O espírito natalino? Um amor de verão? Não…, nada disso!
O natal foi o esperado. Poucos presentes (kkkk), algum estresse e ceia em família. As poucas surpresas são aquelas que a gente já espera. Os encontros familiares onde os emaranhamentos se estreitam ou se alargam, esfregando na cara de cada um, o pertencer essencial da vida, que bom ou ruim, faz parte de nosso destino.
O ano novo veio cheio de esperança, mas ainda assim, não foi diferente o momento de sua chegada. Amor de verão? Nem de verão, nem de inverno, outono ou primavera. O descanso foi necessário e merecido, mas ainda assim, não foi isso que me tornou diferente. Aliás, sorte minha, porque foi quase tudo igual, mais uma vez.
Diferente é a bagagem que eu trazia do ano passado. O ano das dificuldades. E também o ano das superações. Superação de mim mesma, de toda a velha revolta, de tudo que não podia ser. Aceitação!
De repente eu percebi que minha bagagem se tornou leve, diferente, quase que indiferente. Morri aos poucos e morri profundamente. Renasci me tornando outra, e não foi uma vez só. Mas quem disse que sofrer é ruim? O sofrer é aquilo que nos chacoalha por dentro, quando cegamente não queremos perceber a mudança que deve ser feita.
Eu aprendi. Aprendi muito. Mas também não foi só com o ano que passou. Começou lá atrás, no ano em que nasci. Pelo menos é até onde eu sei. Vai saber… ?
Neste ano eu me tornei outra, mas saiba que não foi assim, de repente. Foi bastante neste ano que passou. Um pouco no anterior e assim sucessivamente.
O que eu sei, é também o que eu sinto. A vida sem culpa e sem remorso. Tem que ser assim? Que seja então.
O amor proibido não me consome. Assisto de fora as reações de mim mesma, e ainda que sofra a ingenuidade do não saber, da nova situação, virei espectadora de mim. Maturidade que me permite deixar a ansiedade de lado e abrir uma garrafa de champanhe junto aos meus próprios devaneios. Brindamos à vida e escrevemos o que quer que seja. Assim como este ano novo que chega! O que será? Não sei. Mas brindamos também a ele, que assim como a vida, é o que é, veio para simplesmente ser. Acompanhamos, querendo ou não. Mas é melhor querer, que fica mais leve…
Aqueles a quem não desejei “Feliz Natal” e nem “Feliz Ano Novo”, não esperem minhas desculpas. Estava ocupada demais, finalmente não fazendo nada. E quer saber do que mais? Muito melhor do que um desejo de boas festas é o desejo de “Feliz Novo Você”, que é o que realmente transforma: o natal, o ano, o descanso e os amores.
Melhor do que o começo de um novo ano é o começo de “um novo” nós mesmos!
O novo que nos permite amar de verdade, sorrir com a alma e ajudar ao próximo com a naturalidade que deve ser.
Somos parte de muitas coisas, seguimos vários rituais e um caminho que é só nosso. Mas para tudo isso há o propósito da evolução. Que não significa um ano melhor do que o outro, mas um melhor de nós mesmos a cada ano que passa.
E é isso. Sem pretensão alguma, simplesmente voltei!
Começando um melhor de mim, em mais um ano que chegou!