Depois de seis meses após ter feito um orçamento, finalmente decidi comprar uma janela com isolamento acústico. Se dormir bem já era complicado, em meu novo apartamento era algo que tinha se tornado raro. Após a negociação e acertos finais, recebo um e-mail do departamento financeiro da empresa, me informando que eu não poderia pagar da forma acordada, pois havia algo restrito com meu CPF. Constrangida com a situação e irritada por saber do que se tratava, pouco expliquei. Paguei de outra forma e pronto.
Minutos depois, um novo e-mail: _ ”Você é a escritora Carolina Vila Nova?”, perguntava o responsável do departamento financeiro.
Já acostumada com desconhecidos, devido às redes sociais, meu próprio site, textos e fotos, que mostram quem eu sou, pensei ser mais uma tentativa de alguém que gostaria de me conhecer. Respondi que sim, que era a escritora.
Mais alguns minutos e um novo e-mail: _ ”Conheço seu trabalho, um professor na faculdade falou de suas crônicas em aula e eu fui conferir e gostei muito. Parabéns pelo seu trabalho!”, dizia.
Crente que devia se tratar de algum dos meus professores da PUC, não contive a curiosidade e retornei: _ “Qual faculdade? Qual professor?”.
E logo recebi a resposta: _ ”Sou aluno de mestrado em administração na UNINTER e foi a professora “tal”…”, respondeu.
Eu fiquei tão surpresa com a resposta, que fiquei alguns segundos lendo e relendo a informação.
Eu não fiquei feliz apenas por descobrir que uma professora de mestrado usava minhas crônicas em suas aulas: alguém que não conheço e que nem sei como chegou até meu trabalho. E que, além disso, me fez ganhar um fã, ou mais. Mas eu estava “assistindo” aquela situação de outro ângulo, bem mais aberto. Em momentos antes, eu estava me sentindo constrangida, por poderem pensar, que eu era uma cliente sujeita a dar um calote na empresa. E não por culpa deles, uma vez que meu CPF está mesmo “sujo”, por motivo que não me representa na prática.
O que eu vi foi o seguinte: se de um lado havia uma pessoa que era responsável pela situação com meu documento e não se manifestava, na tentativa de prejudicar a minha imagem ou a minha vida, de outro lado, aparece uma pessoa e me conta algo tão maravilhoso, envolvendo sua professora de mestrado e o meu trabalho. Era a “Lei do retorno” atuando em minha vida, e eu podendo assistir um pouquinho dela.
Nem sempre vemos como a vida atua. Nós simplesmente sofremos uma ação, a cada dia, que pode nos parecer um acaso, quando no fundo, é a vida nos retornando aquilo que somos e fazemos. A minha satisfação não foi apenas saber que meu trabalho havia conquistado tão preciosa posição junto àquela professora e àquele aluno, mas isso ser me mostrado, num momento em que eu vivia a consequência da ação injusta de outra pessoa em relação a mim.
Sabemos que devemos ser corretos, justos e positivos. Tentamos a maior parte do tempo. E eu acredito que tenho conseguido. Ainda assim, tenho na vida minhas dificuldades, que as enfrento como os obstáculos a me tonarem uma pessoa melhor. Mas esta semana, este fato em específico, me permitiu ver a Lei do Retorno atuando de dois lados absolutamente distintos, mas que de certa forma levavam para um mesmo lugar: a minha imagem!
Me senti feliz e grata de todas as formas. Mas a melhor de todas é a sensação de estar no caminho certo. De poder colocar a cabeça no travesseiro de consciência leve, agradecer a vida, que trabalha de forma tão misteriosa e incrivelmente justa. Muitas vezes não entendemos e a explicação leva tempo pra chegar. Mas um dia chega. Senão nesta vida, em outro lugar.
Minha janela ainda nem chegou, mas eu já a sinto como se estivesse lá: em meu quarto. Tamanho significado que ela atingiu.
A grande verdade é que a vida está aí, trabalhando por nós, de acordo com o que somos e espalhamos dia-após-dia. E de repente, de onde menos se espera, ela traz de volta o que fizemos lá atrás. Se podemos ver ou não, acho que é raro, mas é bom acreditar. Não por medo, mas pela sensação de justiça. De que realmente tudo que vai, uma hora também volta…
4 Comments
Maravilhoso !!! Acredito muiiiiito na “lei do retorno”, no sentido de que, tudo absolutamente tudo, o que plantamos na vida ela, no momento certo nos devolve com louvor!
obrigada Walquiria, e seja muito bem vinda! Um beijo!
Gosto muito da forma como escreve … clara e assertiva… Muito Bom…
Obrigada Fer, por ler, compartilhar e estar sempre tão presente!!!!!! Um beijo!