Esta semana tive uma experiência incrível que me fez reviver velhas lições. Um colega de trabalho quis me ajudar, me mostrando que eu deveria ser mais agressiva em certas situações e com determinadas pessoas. Eu entendi bem suas boas intenções. Trabalhando numa multinacional alemã e novamente em contato com esta cultura, sabia que a agressividade e a frieza era parte de alguns cidadãos alemães. Os seis anos em que havia morado na Alemanha me ensinaram a ter um comportamento diferenciado na época. Algo que deixei totalmente de lado quando voltei para o meu país.
Eu expliquei para meu colega que entendia sua opinião, mas também afirmei que não concordava com ele totalmente. Se por um lado, na Alemanha, as pessoas estão acostumadas a brigar e discutir com facilidade, por outro, no Brasil, lidamos com pessoas que costumam ser contrárias à falta de calor humano. E, se estamos no Brasil, creio ter que nos adaptarmos ao local e não o contrário.
Algumas lágrimas caíram em meu rosto enquanto eu falava, mas não por ter me chateado com meu colega. Achei bonita sua atitude em querer me mostrar o caminho que ele achava melhor para mim. Mas o choro que surgiu incontido em meus olhos, veio de uma alma ferida, que um dia se viu obrigada a ser algo que não era. E eu me senti aliviada por ter a certeza de que não precisava mais agir assim.
Ainda que continue convivendo com uma cultura diferente da minha, o conhecer tal cultura me permite entender como ela funciona. E melhor do que isso foi perceber que diante de toda a experiência de vida que eu havia acumulado a este respeito, eu finalmente tinha encontrado a minha força interior, e que não estava no brigar com autoridade ou na frieza em algumas atitudes. Tenho conquistado a confiança e respeito dos que me rodeiam com outro tipo de força: da gentileza.
É claro que para alguns esse tipo de comportamento é visto como fraqueza. Natural para quem cresceu ou viu o autoritarismo como educação. Vivemos numa sociedade onde de fato este tipo de domínio existe e atua de diversas formas.
No fim das contas meu colega também me disse: “É…, eu também tenho que aprender a ser mais gentil com algumas pessoas. E eu vou aprender com você”!
Acabamos vez ou outra, por trabalhar com pessoas, que desejamos mesmo mandar “para aquele lugar” e esperamos que elas realmente se encaminhem para tal local. No dia-a-dia não é fácil lidar com arrogância e diferença de valores.
Não existe um ser igual ao outro neste mundo. E nenhuma forma mágica de se agradar a todos. A vida é que ensina de que maneira poderemos conquistar uns ou outros.
E o olhar para si mesmo, com o intuito do autoconhecimento é o que permite a descoberta e o uso do melhor de nós mesmos nessa inevitável e complexa tarefa: o conviver! Dia após dia, todos os dias!
2 Comments
Ser educador é ser um poeta
Obrigada, Jaci!