Ansiosa desde que me entendo por gente, posso afirmar que meu nível de ansiedade e paciência melhoraram muito nos últimos anos. Ainda assim, percebo que paciência e resiliência são tarefas diárias que nunca acabam. E lições para toda uma vida.
Por mais que aprendamos tanto com o viver e com os próprios erros, parece que a vida gosta de brincar com a gente feito um jogo de videogame. Até chegamos a crer que estamos evoluídos e fortes o bastante: “agora não vou mais errar, já aprendi, já sei”! E lá vem uma nova fase a nos mostrar que não é bem assim. Sempre há algo mais a ser melhorado, uma última pincelada, uma leve esculpida na alma, ajeitando e fortalecendo ainda mais o nosso caráter.
Ser quem se é numa sociedade onde tantos se diferem no pensar e no agir, na maioria das vezes torna-se um grande desafio. Ser aceito pelos demais, mesmo depois de já se ter sido aceito por si mesmo, pode vir a ser uma grande encrenca, quando num meio mais difícil de convivência e interação. Todos passamos por isso vez ou outra na vida, por vezes ou muitas vezes.
Eu que sempre gostei de mudar, finalmente entendi, que ao mesmo tempo que nunca levei uma vida chata e monótona, não me permiti o ser esculpida em um único lugar. Não está bom aqui? Bora para outro lugar. Não gostei desta faculdade? Começo outra. O trabalho incomoda? Nada mais justo fazer outro. Este amor não é o bastante? Fico então só para depois partir para outra. E sempre foi assim. Aprendizados não me faltaram. Se conheci alguém que nunca teve medo de mudanças, este alguém fui eu mesma. E agora trabalho a minha resiliência para parar de mudar, transformando a mim mesma em versões melhoradas a cada dia, mas no mesmo lugar, com as mesmas circunstâncias e pessoas.
Ficar no mesmo lugar exige, talvez, mais paciência do que a coragem necessária para se mudar de lugar. Aguentar a mesma pessoa todos os dias carece de mais tolerância, do que a vontade de procurar alguém novo e começar tudo outra vez. Caminhos novos exigem algumas qualidades. Permanecer no mesmo caminho exige paciência. E resiliência.
Porem paciência e resiliência tem níveis sem fim a serem conquistados. Não é somente de zero a dez. É de zero a infinito. Treinamos e aprendemos essas qualidades em diferentes níveis em nós mesmos todos os dias. Num caminho sem fim.
Perdoa 70 vezes 7! E por aí vai. Olha como faz sentido.
Aprendemos com os erros, embora nos envergonhemos dos mesmos. Nos perdoamos e aprendemos a perdoar os demais. Mas tem dia que cansa. E então, aprende-se num nível mais elevado. E assim por diante.
Entendi que para se ter paciência, tem que se ter paciência. Não é fácil, não é de vez em quando e nunca chegamos lá. Somos o coelho na esteira correndo atrás da cenoura. E talvez por isso mesmo, a vida seja tão cheia de significados, de nós mesmos, de nossas histórias e daqueles que amamos. Somos uma nova versão a cada dia, com novas percepções, novos níveis de tudo, e só através dela, da paciência, é que nos tornamos aptos a isso tudo: ao entendimento, amadurecimento e o melhor nível de consciência que podemos ter: o de hoje. Melhor que o de ontem, pior que o de amanhã.
Quer uma vida melhor? Quer se tornar uma pessoa melhor? Um mundo melhor? Um amor melhor?
Paciência! E tudo começa a partir de onde se está e através de si mesmo.
Somos o ponto zero. A caminho do infinito.