Quem já teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre a vida e história da Rainha Victoria, Inglaterra, reinado entre os anos de 1837 a 1901, não ficará menos satisfeito em conhecer uma das últimas histórias de sua trajetória. Tão linda e inusitada, que após anos desconhecida, se tornou um daqueles filmes de encher as salas de cinema: com pessoas, risos e lágrimas.
Como todas as rainhas, Victoria não era livre. Teve na infância a dura educação de quem receberia como herança um país para governar. Aos dezoitos anos tomou a coroa e se viu obrigada a tomar conhecimento de toda a política e jogos de interesses que regem o mundo do poder.
Agora, em uma de suas últimas experiências de vida, podemos conhecer ainda mais o lado doce de Victoria. Mulher de hábitos e vida simples, teve a rara sorte de um amor tranquilo e a benção de nove filhos. Embora tenha se tornado viúva ainda jovem e nunca mais ter se casado, prestou homenagem ao falecido marido, o príncipe Albert, até os últimos dias de sua vida.
Victoria e Albert se tornaram exemplos na Inglaterra, pois tinham o raro desejo de servir seu país e aos mais necessitados, como poucos no poder o tem. E estes verdadeiramente o fizeram.
Mas qual será a dor de viver no poder? A solidão? Nascer e já ter como patrimônio a futura coroa, que regerá um país por indefinidos anos ou décadas? Como será viver sendo a figura máxima que representa o poder? Viver em meio aos nobres e pessoas importantes, interesseiros e políticos, figuras certas neste escalão?
Quanto mais importante a posição de uma pessoa, mais requisitada ela se torna, rodeada de gente, que nem sempre tem a sinceridade nas intenções.
Victoria e Abdul mostra o lado terno de uma inusitada situação, quando a pessoa mais importante de toda a Inglaterra encontra a amizade e verdadeira devoção em um novo servo: jovem, indiano e muçulmano. Em uma época em que o preconceito era ainda mais robusto, contra tudo e contra todos, esta relação se torna mais forte, a cada tentativa de enfraquecê-la, por parte dos membros da corte.
Cansada da vida, de suas dúvidas, sua solidão e do próprio peso de seu corpo envelhecido, a rainha parece encontrar respostas naquele homem que mal havia frequentado a escola, mas que a “reensinava” as delicadezas da vida.
Após sessenta anos de reinado, teve a benção de encontrar este novo servo na comemoração de seu Jubileu de Ouro. Mesmo em tão avançada idade, decidiu aprender uma nova língua, para fazer jus ao título de Imperatriz da Índia. E três anos depois, ao se despedir desta vida, fez questão de ter em seu leito de morte um dos últimos amigos que fez em vida, mas certamente o não menos importante.
Victoria e Abdul é uma lição de vida para nós pobres mortais, sobre o fato de que vivemos e morreremos como qualquer outro: a fragilidade da vida humana.
A doçura perdida e reprimida pelo meio em que se vive, mas que lateja dentro de cada um, a procura de uma oportunidade de se fazer presente.