Já há algum tempo, venho amadurecendo essa ideia. Lendo seus textos diariamente, recordando conversas e certos momentos em que tive a felicidade de dividir com ela, mesmo longe fisicamente falando, todo o carinho que carrego no peito, me traz sempre para a proximidade, ainda que como espectadora, ali por detrás de uma tela, seus textos são mais que inspiração.
E é essa inspiração que me leva a escrever, a tentar falar algo sobre ela, Carolina Vila Nova, ou só Carol! A eterna professora, em quem muitas vezes me espelhei, que sempre admirei e achava o máximo. Me achava o máximo! Como assim, eu era amiga, amiga mesmo, de frequentar a casa, a família, brincar com seu filho, de trocar confidências, sorrisos e por diversas vezes, lágrimas. São tantos anos, quase 20! E é claro que passamos por muitos momentos, e tê-la para pedir um conselho, ou apenas escutá-la, quando ela estava longe, era um privilégio para mim.
Não apenas ela, mas eu também a vi crescer, amadurecer. E quando vemos alguém que amamos indo em frente, se destacando, ou apenas sendo feliz, é contagiante, pois se estamos ali, sempre na torcida, sempre em oração, não é enorme motivo para ficarmos felizes também?
Por vezes sinto um pouco de melancolia em seus textos, o amadurecimento trouxe a sabedoria, mas não o esquecimento. Os erros do passado continuam ali, presentes, latentes nas palavras que parecem serem escritas para ela própria, para lembrá-la de um tempo remoto, ainda além da nossa amizade, ou não. Como se não fôssemos seres humanos comuns, como se não estivéssemos sempre errando, aprendendo e por diversas vezes, pagando por eles. Se levamos conosco as consequências de nossos atos, assim como os que nos cercam, não somos nós também influenciados pelas consequências dos erros e acertos dos nossos pais, filhos, companheiros, amigos? Às vezes é preciso simplesmente deixar para lá, seguir em frente.
Fato é que Carolina nua não está completamente despida, suas palavras hora tão reveladoras, escondem algo além. A Carolina que ri de si própria num riso gostoso e contagiante, por vezes esconde suas dores, seus momentos de solidão e só quem consegue verdadeiramente olhar em seus – diga-se de passagem, lindos – olhos verdes e enxergar sua alma, pode ver a menina que cresceu, amadureceu com os tropeços da vida, se fez mulher, mãe, escritora, profissional, mas não deixou os sonhos se perderem, vive numa interminável busca pela felicidade, pelo amor, pelo prazer de viver.
E que esses sonhos nunca se acabem. Somos movidos por eles, pelos desejos de algo mais, do melhor, do amor… mas que o prazer do hoje não se apague pelo caminho. Buscamos tanto um amanhã perfeito, repleto de nossas conquistas e por vezes esquecemos o olhar do lado, pela janela, o sair para o parque apenas para desfrutar do prazer da sombra de uma árvore.
Uma vez ouvi uma frase que me fez refletir sobre mim e as pessoas que me cercam, era algo como “para conhecer uma pessoas, meça suas amizades e a quanto tempo as tem”. E quantas tem o privilégio de ter um verdadeiro amigo?
Dentre as muitas lições que aprendi com a Carol, uma é que amizade verdadeira independe da nossa idade, da distância. Sejam dos nossos momentos de vida, ou geograficamente falando, não importa o tempo que não conseguimos nos ver, muitas vezes nem nos falar, quem mora no coração da gente, nunca está longe o suficiente para ser esquecida.
Eternamente seu “Anjinho”
Roberta Braca foi minha aluna na cidade de Sorocaba, São Paulo, creio que em 1999. Desde então nos tornamos amigas. Ficamos distantes geograficamente falando a maior parte do tempo, mas sua amizade, carinho e amor nunca deixaram de fazer parte da minha vida. Sorte a minha, pois ela sempre me escreveu e ligou, bem mais do que eu. Seu texto me fez chorar. Ver a leitura de mim mesma, por alguém que me tem amor e a capacidade de me enxergar através de todas as camadas é uma sensação indescritível, como ser humano e também como escritora. Muito obrigada Roberta!