Com o passar dos anos, percebemos que as relações de amizade vão se tornando cada vez mais fortes com aqueles que fizeram parte de nosso passado. Por mais que novas amizades surjam, a dificuldade de encontrar os nossos semelhantes, nos ensina o valor daqueles que ficaram para trás.
A vida nem sempre nos permite escolhas. Grandes amigos se mudam, se vão. Ou nós somos obrigados a partir, por tantos motivos. E por mais que a tecnologia esteja aí para nos aproximar, não há nada que substitua o olho no olho, o toque de um aperto de mão ou o abraço apertado daquele amigo que se ama. Ou mais ainda, a frase debochada na hora mais inapropriada possível, provocando os risos de que a alma tanto precisa.
Eu tive a sorte de ter muitos amigos durante a minha vida. E felizmente ainda sou capaz de construir boas e novas amizades. Mas a dor que sinto, por ter algumas pessoas distantes de mim, é algo sem tamanho a ser medido.
E meio a uma vida corrida, cheia de compromissos a cumprir todos os dias, o telefonema e a visita ficam cada vez mais escassos. Me acostumei a tê-los quase que só em meu coração. Mas nos momentos em que me pego sozinha, sou capaz de escutar os risos e as velhas conversas que tive com cada um deles.
Hoje acordei com algumas mensagens de diferentes amigos no WhatsApp e um e-mail de um amigo para a vida toda. Senti a felicidade plena de pertencer a alguém, ou a vários alguéns. Ainda que desconectados um dos outros, já que cada um era de um lugar diferente, todos eles me mostraram a mesma coisa: a falta que eles me fazem, não estando ao meu lado fisicamente, e a força que eles me proporcionam, mesmo estando tão longe de mim.
O amor que aprendemos com os verdadeiros amigos é algo que não tem preço. Recebo muito mais mensagens do que envio, bem como e-mails e telefonemas. E me sinto relapsa, com quem deveria ser mais atenta. Mas fato verdadeiro é que sinto tanto amor pelas pessoas que fizeram parte da minha vida, que penso nelas com frequência e carrego aquela sensação de agradecimento.
Tenho amigos tão espalhados por esse mundo, que acho que não seria capaz de juntar todos eles num mesmo lugar e instante. Mas o faria se pudesse, e cairia no choro, tamanho a emoção que isso me proporcionaria.
A minha vida foi marcada por tantas idas e vindas, que alguns amigos até fazem graça do meu caminho: uma hora aqui, outra ali e em breve em outro lugar. Adepta às mudanças com naturalidade, não criei uma só raiz, mas várias. E mais do que à lugares, me apeguei as pessoas que estavam comigo.
É difícil abrir mão de quem se ama, de alguém que já foi capaz de me provocar ataques de risos ou o bem-estar de quem me compreendia a alma. É trabalhoso, simplesmente porque não se encontra alguém assim a cada esquina. Passamos a vida desejando estar ao lado daqueles que nos aceitam e nos compreendem, exatamente como somos. E aí, a mesma vida que nos deu essas pessoas, também nos tira.
Eu acho que posso dizer que sinto saudade todos os dias. Carrego a dor da falta, mas também levo comigo os momentos de amor que vivi com aqueles que ainda fazem parte de mim.
Quem dera um dia eu possa abraçar todos eles e tê-los sempre ao meu lado, em algum lugar…
Até lá, queridos amigos, o meu amor e gratidão!