Num mundo onde todos se diferem em tantos aspectos, fica cada vez mais fácil se sentir um estranho no ninho. Seja onde for: na escola, na vizinhança, na academia, no trabalho ou até na própria família. Não é preciso ir muito longe, para se sentir as diferenças entre o que se sente, se pensa e o que se faz, em relação ao que os outros fazem, proporcionando então a sensação de não pertencer àquele grupo de pessoas.
Por anos, passamos a vida tentando nos encaixar nos lugares aos que a vida nos leva. Por um bom tempo não somos nós, que decidimos os lugares que frequentamos e nem as pessoas com quem temos que conviver. A começar pela própria família: não escolhemos nossos pais, irmãos, tios ou primos. Pode ser que todos se entendam, mas sabemos que, na maioria das vezes, há muito a ser trabalhado neste convívio.
Com o passar dos anos, também aprendemos a lidar, na escola, com os colegas que nos perturbam a infância. São diversas as possíveis situações, que já nos mostram o quanto a vida pode se tornar difícil lá na frente. As fases são quase sempre as mesmas, mas a intensidade aumenta.
Quando jovens, aprendemos que podemos, finalmente, selecionar quem queremos ao nosso lado, escolhendo os amigos, os lugares que se frequenta e, por vezes, até o trabalho ao qual me proponho. Nem tudo é uma escolha, mas algumas se fazem possíveis.
Na vida adulta, a intensidade parece, por vezes, ter atingido seu nível máximo. Quando acreditamos estar usando toda a nossa força, vem uma situação que nos requer um pouco mais. E esse círculo não para. Entre uma fase e outra, os problemas se intensificam. Porém, também nos descobrimos mais fortes.
Às vezes, nos revoltamos com a falta de escolhas e opções. E então com o passar dos anos, percebemos que o convívio forçado nos meios sem encaixe também nos fortalecem. É uma prova de resiliência. Quanto mais eu aceito, mais eu caminho em direção a evolução de mim mesmo.
Não é fácil aceitar as diferenças. Menos ainda quando elas estão ali, no dia-a-dia, todos os dias. E ao invés de me revoltar com a falta de opção, começo então a refletir, sobre o que aquela situação pode me ensinar. Se me vejo obrigada a conviver com pessoas que agem diferentemente de mim, ou daquilo que acredito ser correto, de que maneira isso me ensina alguma coisa?
Paciência, resiliência, tolerância e até mesmo compaixão. Ao invés de julgar aquele que de mim difere, tento aprender com as diversas situações que dali surgem, e como fortalecer meu caráter, ao invés de sair correndo. Como não me influenciar por aquilo que acredito ser errado. E só a partir da aceitação é que o Universo estará pronto a me oferecer uma nova escolha.
Nada nesta vida é em vão. Se somos muitos e tão diferentes uns dos outros, é porque temos a aprender com as convivências. As diferenças nos oferecem as possibilidades de aprendizados. E muito mais do que sobre os outros, aquilo que difere e me incomoda serve para que eu compreenda o meu próprio ser.
A reflexão sobre o que sinto, penso e sobre minhas próprias atitudes é o que me permite entender quem eu sou por dentro. E aquele que domina a si mesmo e consegue ser feliz deixa de ser afetado pelo que vem de fora.
O carma de viver num meio sem encaixe pertence à maioria de nós. Faz parte do caminho de todo ser humano, pelo menos em algum momento de sua vida. Os que conseguem aceitar os demais, porque antes aceitou a si mesmo, deixa de ver o fato como um carma, mas como uma grande lição.
1 Comment
Boa noite Carol.
(Eu tenho uma filha que têm o seu nome) Vc deve ter uma experiência da vida muito grande, ou então é mais inteligente que muito cidadão. Gosto das suas redações, têm conteúdo e moral, além de ser fáceis de entender. Me responda uma pergunta, por favor. Vc é espírita.
Victor
Ao seu dispor.