Já percebeu que todo lugar que a gente vai, parece haver um tipo de comportamento padrão, exigido pelo lugar representado, mas que ao mesmo tempo nunca fui exigido oficialmente por ninguém? Por exemplo: se você está na rua caminhando e esbarra com algum conhecido, pode cumprimentar de longe ou parar pra conversar, tanto faz, você pode fazer um ou outro que sai “bem na fita”, sem problemas. Se é num restaurante, deve dar um cumprimento rápido e deixa a pessoa jantando sossegada.
Mas e quando é num banheiro feminino?
Aqui na empresa onde eu trabalho é muito engraçado. Várias moças passam por minha mesa diariamente, e devido a correria do trabalho, várias delas podem acabar passando por mim sem me cumprimentar, é normal. Mas no banheiro a história é outra. No banheiro tem que ter uma social.
Hoje mesmo quando eu fui ao banheiro tinha umas sete mulheres lá, todas rindo, conversando e várias passando suas maquiagens. Ali parece até um lugar sagrado. Todas tem sua “nécessaire” (bolsinha com necessidades básicas) no armário coletivo. Algumas nécessaires são pequenas e discretas, como a minha, azul “sem graça”, contendo uma escova e pasta de dentes. E só. Outras são grandes, pink, cheia de brilho e só Deus sabe o que tanto cabe lá dentro. Só sei que todo dia as bolsinhas são usadas e mudam de lugar constantemente.
Ali já ouvi todo tipo de conversa. As que imperam são sobre maquiagem, roupas e filhos. Mas tem as outras também mais picantes. Se precisar de conselho: vá ao banheiro. Ali se houve todo tipo de aconselhamento. Dicas de produtos, lojas, assuntos domésticos, familiares e profissionais. Há de se parar pra ouvir. No banheiro não se deve só entrar e sair. Tem que rolar ao menos um bate-papo rápido. É a lei do banheiro feminino. Ninguém leu, ninguém viu, nem ao menos escreveu. Mas todas nós sabemos.
Em banheiros femininos eu já vi de tudo: mulher chorando, mulheres se pegando, dissertação filosófica, contos de novela, relatos sexuais, descrições sobre tudo e sobre todos. No banheiro as mulheres se soltam: são delicadas, sorridentes e gentis. É como um clube feminino, ali homem não entra mesmo. O desprendimento feminino no banheiro é outro: é leve, suave. É possível se ver duas mulheres em uma: uma que entra e outra que sai. O comportamento não é o mesmo fora do banheiro. No banheiro a mulher se despe de todas as formas.
Percebo bem porque os homens ainda não entenderam a demora das mulheres no banheiro. E menos ainda tem a compreensão sobre a razão de mulheres serem tão unidas no recinto. Uma mulher se sente mais mulher quando está acompanhada por outra no banheiro, porque lá elas se despem uma à outra. Não da forma que os tarados de plantão imaginam. Bem…, nem sempre.
Ir à um banheiro feminino coletivo é na maioria das vezes uma experiência única, feminina, que só a mulher conhece. A não ser que o banheiro esteja vazio.
Aí pode ser só pra fazer um xixi mesmo…