Hoje de manhã um dos editores dos sites para quais escrevo me disse que se sentiu chateado, porque algumas das matérias que eu estava enviando pra ele já estavam sendo publicadas em outra página da web. Chateado? Acho que ele poderia ter ficado mesmo é puto.
Se hoje em dia dificilmente encontro uma pessoa disposta a ler uma matéria nova e inteira, quem dirá alguém que vai reler uma matéria já publicada e divulgada? Pior que isso, só se for notícia velha, de um filme que já nem está em cartaz, por exemplo. Ninguém merece.
Acho muito engraçada e propícia, a graça que foi feita no Facebook sobre uma sabedoria popular, que diz respeito ao que é necessário para se ter uma vida completa:
“Ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro é fácil. Difícil mesmo é criar o filho, regar a árvore e ter alguém que leia o livro…”
Quando eu era criança, gostava de ler. Li “O cachorrinho samba” e outros poucos. Mas desde cedo já escrevia. Nunca esqueci, quando aos dez anos de idade, minha mãe, orgulhosa de um texto que eu tinha criado, mostrou o mesmo para o meu pai, que automaticamente respondeu: “Ela copiou de algum lugar…”. Na época eu nem me importei. Só lembro que não entendi o porquê dele ter tido aquela percepção sobre o que eu tinha escrito. Muitos anos depois eu reli o suposto texto e então eu o compreendi. Supostamente, uma menina com dez anos de idade não tem imaginação o bastante para escrever uma crônica levemente erótica e ainda por cima bem desenvolvida.
O que quero dizer é que abençoadamente, eu sempre tive facilidade para escrever, mesmo sem o hábito regular da leitura. Mas escrever, independente de vocação, também é algo que se aprende e se desenvolve. Evoluímos nossa escrita ao mesmo tempo que evoluímos nossa alma. Nem todos nascemos pintores, escultores ou escritores, mas toda arte pode ser buscada e encontrada na persistência do se querer aprender.
Eu ainda não fiz o meu sonhado e desejado curso de pintura. Não sei fazer um desenho que preste, mas sonho em usar cores e pincéis para colocar meus sentimentos numa tela.
Muitas pessoas me perguntam, de onde eu tiro tanto assunto e inspiração para escrever. Quando na verdade não escrevo nada demais. O que talvez diferencie meus textos, seja a colocação das palavras, que para mim escorrem de meus dedos como se elas já existissem e eu simplesmente as transportassem a este mundo.
Mas nem todos veem as palavras dessa forma. Para muitos escrever é um bicho de sete cabeças ou um desafio que dura horas. Acredito piamente nessa dificuldade alheia, assim como eu acredito na desafinação da minha voz. Cada um com sua própria vocação e dificuldade.
Mas importante é saber: não ter o dom não é desculpa. Nem para não escrever. E muito menos para não ler. Se eu que escrevo, me culpo pela falta de leitura, quem não escreve e não lê, deveria considerar o suicido (nem que seja do editor).
Porque pior do que matéria velha é matéria nenhuma. Nem escrita, nem lida, nem nada.